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Política

Nova vaga no STF reacende críticas a Lula por baixa presença feminina na corte

Com Barroso deixando o Supremo, cresce pressão sobre Lula para indicar mulher e ampliar diversidade na mais alta instância do Judiciário

14/10/2025 às 12:15 por Redação Plox

A aposentadoria antecipada do ministro Luís Roberto Barroso trouxe novamente à tona uma antiga cobrança: a necessidade de maior diversidade no Supremo Tribunal Federal. O anúncio intensificou os apelos para que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, responsável pela nova indicação, escolha uma mulher para compor a mais alta corte do país.

Imagem Foto: Agência Brasil
A pressão vem de várias frentes. Organizações da sociedade civil, como a plataforma Justa, a Themis e o Fórum Justiça, divulgaram um manifesto cobrando que a nova indicação seja feminina, preferencialmente de uma mulher negra. A diretora-executiva da Justa, Luciana Zaffalon, criticou a recorrência de listas compostas somente por homens:
"Temos a notícia da saída de um ministro do Supremo, e é absolutamente naturalizado que, na sequência, apareçam listas compostas exclusivamente por homens. É fundamental parar de naturalizar\

, afirmou.


O histórico da corte ilustra a desigualdade de gênero e raça: apenas três mulheres foram ministras desde sua fundação, há 134 anos — Ellen Gracie, Rosa Weber e Cármen Lúcia, todas brancas. Atualmente, apenas Cármen permanece no cargo, após a aposentadoria de Rosa Weber em 2023. Na ocasião, Lula escolheu o ministro Flávio Dino para ocupar a vaga.


A nomeação de Dino se somou a outras nove indicações feitas por Lula ao longo de seus três mandatos. Entre os indicados por ele estão Cristiano Zanin, Dias Toffoli, Menezes Direito, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Joaquim Barbosa, Ayres Britto e Cezar Peluso. Somente Cármen Lúcia representa o gênero feminino nessa lista.


Atualmente, os nomes mais cogitados para substituir Barroso são Jorge Messias, advogado-geral da União e tido como favorito, o ministro do Tribunal de Contas da União Bruno Dantas, e o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Todos homens. O apoio a Messias, em especial, se fortalece pelo seu perfil evangélico, visto como uma ponte com o eleitorado religioso em 2026.


Tainah Pereira, coordenadora do movimento Mulheres Negras Decidem, apontou que uma ministra poderia trazer mudanças significativas nas decisões do STF, sobretudo em áreas como igualdade salarial e direitos reprodutivos. No entanto, ela avalia que Lula tem priorizado critérios pessoais nas indicações ao Supremo, o que pode dificultar avanços na diversidade.


"A crítica direta ao presidente é que, em tantos anos de vida pública, ele não construiu esse círculo de confiança de forma mais diversa\

, disse Pereira. Ela lembrou ainda que Lula recebeu a faixa presidencial em 2023 das mãos de um grupo representativo da diversidade brasileira — expectativa que ainda não se concretizou nas escolhas ao STF.


A líder também questiona o impacto eleitoral de uma nova nomeação masculina:
"A quem Lula relegará a disputa das mulheres na próxima eleição? Ele está abrindo mão desse público?\

, perguntou. Segundo ela, embora não se surpreenda com uma nova indicação masculina, uma decisão assim causará decepção.Na segunda-feira (13), Lula declarou que o critério para a escolha do substituto de Barroso será a capacidade de cumprir a Constituição, independentemente de gênero ou raça:
"Eu quero uma pessoa, não sei se mulher ou homem, não sei se preto ou branco, eu quero uma pessoa que seja antes de tudo uma pessoa gabaritada para ser ministro da Suprema Corte\

Entre os nomes sugeridos por entidades da sociedade civil está o da ministra Daniela Teixeira, uma das figuras femininas cotadas para o cargo. Mas o cenário ainda é incerto. A escolha será a 11ª feita por Lula e, até o momento, a expectativa é que o padrão de escolhas anteriores se repita: homens, brancos e próximos do presidente.


Para analistas e ativistas, essa tendência reforça o abismo de representatividade dentro da Suprema Corte e contrasta com a imagem que Lula tenta consolidar como líder progressista e inclusivo.


Com a cadeira de Barroso prestes a ser desocupada, a decisão do presidente se tornou símbolo de um debate maior sobre o retrato da sociedade no sistema de Justiça brasileiro.

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