Vereadores denunciam perda de restos mortais em cemitérios de SP
Os investimentos devem ser finalizados até 2027, conforme o contrato. Gontijo também informou que, em um ano e oito meses de concessão, foram emitidos 63 autos de infração, resultando no pagamento de quatro multas, totalizando R$ 2 mil
Por Plox
14/11/2024 17h05 - Atualizado há 8 meses
Em sessão extraordinária na Câmara Municipal de São Paulo, realizada nesta quarta-feira (13), vereadores apresentaram queixas contra cemitérios sob gestão do Grupo Maya, incluindo perda de restos mortais e cobranças abusivas. Os cemitérios envolvidos são Campo Grande, Lageado, Lapa, Parelheiros e Saudade.
O vereador Rubinho Nunes (UNIÃO), autor dos requerimentos que trouxeram representantes do Grupo Maya, da concessionária Consolare e da agência fiscalizadora SP Regula ao debate, mencionou diversas reclamações sobre os serviços funerários, destacando a qualidade insatisfatória de manutenção e a cobrança de preços elevados para sepultamentos e velórios.

Investimentos e cumprimento contratual
Ricardo Gontijo, diretor-presidente do Grupo Maya, afirmou que foram investidos R$ 192,5 milhões na gestão dos cemitérios. Segundo ele, o valor inclui R$ 154 milhões referentes à concessão, R$ 15 milhões em melhorias diretas e R$ 23 milhões para conservação, infraestrutura e segurança. Os investimentos devem ser finalizados até 2027, conforme o contrato.
Gontijo também informou que, em um ano e oito meses de concessão, foram emitidos 63 autos de infração, resultando no pagamento de quatro multas, totalizando R$ 2 mil. Ele destacou que a empresa cumpre todas as obrigações contratuais, inclusive a regulamentação dos preços nos cemitérios e no site oficial.
Denúncias sobre valores e perda de restos mortais
Os vereadores relataram denúncias de que o Grupo Maya estaria cobrando valores acima da tabela para serviços funerários, o que foi negado por Gontijo. “Eu não tenho conhecimento de denúncias [quanto ao Grupo Maya praticando preços] que extrapolam a tabela”, afirmou ele.
Casos de perda de restos mortais também foram levantados na reunião. O vereador Adriano Santos (PT) relatou o caso de uma moradora, Zilda, que investiu R$ 23 mil em uma reforma no cemitério da Saudade e, após exumar cinco corpos de familiares, não encontrou dois deles. “Eu queria que o senhor respondesse quando ela vai ter a notícia de onde estão os [outros] familiares dela”, questionou Santos.
Gontijo respondeu desconhecer o caso específico, mas garantiu que a empresa se empenhará para encontrar as ossadas desaparecidas. “As exumações realizadas pela concessionária seguem os mais rígidos parâmetros”, ressaltou.
A vereadora Silvia da Bancada Feminista (Psol) trouxe outro relato de exumação compulsória ocorrida em julho de 2023, em que os restos mortais também foram extraviados. Casos similares foram mencionados por Rubinho Nunes e Sonaira Fernandes. Gontijo se comprometeu a avaliar cada ocorrência e buscar soluções.
Qualidade dos serviços e fiscalização
Indagado sobre a qualidade dos serviços prestados pelo Grupo Maya, Gontijo classificou a atuação da concessionária como “regular”, considerando o estado inicial dos cemitérios assumidos pela empresa. Segundo ele, a meta é alcançar um nível de excelência até 2027, após concluir os investimentos.
Na segunda-feira (11), João Manoel da Costa Neto, diretor-presidente da SP Regula, afirmou que a situação dos cemitérios municipais é “regular” e destacou que foram emitidos 141 autos de infração, resultando em 22 multas.
Já na terça-feira (12), o diretor-presidente da Consolare, Mauricio Costa, revelou que a concessionária recebeu 21 notificações, principalmente relacionadas a problemas de zeladoria, extintores e valores cobrados. Desse total, quatro notificações resultaram em multas. Costa classificou a qualidade dos serviços da Consolare como “boa, caminhando para ótima”. A Consolare administra os cemitérios Consolação, Quarta Parada, Santana, Tremembé, Vila Mariana e Vila Formosa I e II.