O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) instaurou um inquérito civil com o objetivo de impedir que o rapper Kanye West — atualmente chamado de Ye — faça apologia ao nazismo durante o show previsto para 29 de novembro na capital paulista. A promotoria busca proibir discursos de ódio, o uso de músicas ou símbolos ligados ao regime nazista por parte do artista, que tem histórico de falas polêmicas e declarações antissemitas.

Show sob incerteza: novo local ainda não definido

Inicialmente, o espetáculo aconteceria no Autódromo de Interlagos. No entanto, após decisão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), a empresa organizadora foi informada da necessidade de remanejar o evento para outro local, que ainda não foi definido. Ainda não há confirmação se a apresentação será realizada.

Investigação do MP e medidas preventivas

A Promotoria de Justiça de Direitos Humanos instaurou a investigação ao considerar “alta probabilidade de futura discriminação que pode ser bastante disseminada, causando dano social e moral coletivo”. A promotora Ana Beatriz

Pereira de Souza Frontini, responsável pelo inquérito, determinou que os produtores do show sejam notificados para que impeçam manifestações antissemitas no evento.

A promotora destacou que a liberdade de expressão, apesar de prevista na Constituição, “não é absoluta” e precisa ser exercida dentro de limites legais e éticos.

O discurso discriminatório contra judeus excede os limites da liberdade de expressão Ana Beatriz Pereira de Souza Frontini

Entre as proibições determinadas estão a execução da música “Heil Hitler”, o uso de camisetas com suásticas ou qualquer símbolo nazista, tanto no palco quanto nas redes sociais e demais meios de comunicação relacionados ao espetáculo.

O trabalho de Kanye West que motivou a ação do MP foi lançado em maio, após uma série de postagens antissemitas do rapper e críticas por elogios públicos ao líder nazista Adolf Hitler.

MP orienta polícia a agir em caso de apologia ao nazismo

A promotoria determinou que a Polícia Militar mantenha uma equipe de prontidão durante o evento. Caso o artista ou produtores comentam crime de apologia ao nazismo, Kanye West pode ser preso em flagrante, assim como os responsáveis pelo show. Eles ainda podem responder por danos morais coletivos, com possível indenização proporcional ao valor do espetáculo.

Foram notificados o empresário Guilherme Cavalcante e o agente Jean Fabrício Ramos, também conhecido como Fabulouz Fabz, organizadores do “Urban Movement Festival 2025”. O posicionamento das defesas ainda não foi divulgado.

Prefeitura de São Paulo veta uso de espaços públicos

O prefeito Ricardo Nunes reafirmou a proibição do evento em locais públicos municipais caso ocorra apologia ao nazismo. Em declaração, reforçou o compromisso da gestão em impedir manifestações desse tipo:

Em equipamento público da prefeitura, ninguém que faça apologia ao nazismo vai tocar ou cantar nem uma palavra. Nós não aceitamos e vamos fazer tudo o que for necessário para que a gente não permita que ninguém que faça apologia ao nazismo tenha qualquer tipo de atividade na cidade de São Paulo Ricardo Nunes

A prefeitura informou que revogou oficialmente, no dia 8 de outubro, a autorização para realização do evento em Interlagos, após tomar conhecimento do histórico de declarações do artista. Segundo a administração, a taxa paga pelos organizadores será devolvida.

Controvérsias e repercussão

Kanye West tem enfrentado críticas e sofreu rompimentos comerciais desde 2022, quando fez declarações antissemitas e elogiou Adolf Hitler em entrevistas, o que também gerou banimentos temporários em plataformas digitais.

Procurada, a produtora responsável, Holding Entretenimento & Networking, ainda não respondeu aos contatos até a última atualização desta reportagem.