Política

PF investiga ex-ministro por fraude em R$ 15 milhões no INSS

Ahmed Mohamad Oliveira, ex-ministro do Trabalho, é suspeito de liberar verba à Conafer e receber pagamentos ilícitos após deixar o INSS

14/11/2025 às 08:15 por Redação Plox

O ex-ministro do governo Jair Bolsonaro, Ahmed Mohamad Oliveira, é apontado como um dos principais articuladores por trás dos descontos irregulares realizados pela Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) em aposentadorias. A Polícia Federal (PF) descreve o ex-presidente do INSS como peça estratégica para o funcionamento e proteção da fraude envolvendo a entidade.

José Carlos Oliveira, atualmente conhecido como Ahmed Mohamad Oliveira, exerceu as funções de presidente do INSS e ministro do Trabalho e Previdência durante o governo Bolsonaro

José Carlos Oliveira, atualmente conhecido como Ahmed Mohamad Oliveira, exerceu as funções de presidente do INSS e ministro do Trabalho e Previdência durante o governo Bolsonaro

Foto: Agência Brasil


Atuação considerada estratégica pela PF

Ahmed Mohamad Oliveira, que foi ministro do Trabalho e da Previdência entre março e dezembro de 2022, já ocupou cargos centrais no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo as investigações da PF, desde quando era diretor de Benefícios, Oliveira autorizou repasses considerados ilegais e teria recebido valores indevidos durante o período em que esteve à frente do órgão e, posteriormente, como ministro.

No centro das acusações está uma autorização de desbloqueio de R$ 15,3 milhões concedida por Ahmed à Conafer em julho de 2021. A liberação dos recursos ocorreu, conforme apurou a PF, sem que houvesse comprovação das filiações exigidas, desrespeitando os regulamentos internos do INSS. Para os investigadores, isso permitiu a ampliação dos descontos fraudulentos, atingindo mais de 650 mil benefícios previdenciários.

Repasse de valores e pagamentos investigados

Mesmo após deixar a diretoria de Benefícios e migrar para o ministério, há indícios, segundo a PF, de que a operação continuou. Os agentes federais apontam mensagens e registros de pagamentos feitos ao ex-ministro durante seu período no cargo. Entre os documentos, consta uma planilha da Conafer com um suposto repasse de R$ 100 mil em fevereiro de 2023, atribuído a Ahmed Mohamad Oliveira, denominado nos arquivos como “São Paulo Yasser”.

Monitoramento e vínculos com operadores

O ex-ministro passou a ser monitorado eletronicamente por decisão do Supremo Tribunal Federal, assinada pelo ministro André Mendonça. A investigação revela que Oliveira teria agradecido a Cícero Marcelino—apontado como operador da Conafer—por valores considerados ilegais. Segundo a PF, os pagamentos teriam origem em empresas controladas por Marcelino e intermediadas por terceiros.

Nota da Conafer: presunção de inocência e críticas à exposição

A Conafer se manifestou após a operação, reforçando a confiança nas instituições e cobrando respeito aos direitos fundamentais dos investigados. A entidade declarou que o contexto político e midiático intensifica os efeitos da investigação, o que já levou à paralisação forçada de suas atividades.

Conafer Reafirmamos que a Conafer está disposta a cooperar plenamente com as autoridades competentes para elucidação dos fatos e para que a verdade jurídica se imponha. Entretanto, exigimos que a investigação transcorra com isonomia, transparência e sem espetacularização que prejudique o direito de defesa e o exercício das atividades sociais essenciais

A organização também criticou o uso de prisões e exposições midiáticas como instrumentos políticos, pontuando que tal prática prejudica o atendimento à população rural. Segundo o texto divulgado, a Conafer seguirá acompanhando as investigações e adotando as medidas legais para proteger seus dirigentes e assegurar a continuidade dos serviços oferecidos a milhões de brasileiros no campo.

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