Tecnologia chinesa e russa em veículos é proibida nos EUA por ameaças à segurança
Nova regra mira proteger dados sensíveis e a privacidade dos cidadãos.
Por Plox
15/01/2025 07h29 - Atualizado há cerca de 2 meses
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta terça-feira (14) a proibição da comercialização de veículos conectados que utilizem componentes ou software vinculados à China ou à Rússia. A decisão, conduzida pelo Departamento de Comércio, busca fortalecer a segurança nacional e preservar a privacidade dos americanos em meio ao avanço de tecnologias conectadas.

A proibição e sua implementação
De acordo com as novas regras, publicadas após uma pesquisa iniciada em setembro, a proibição será introduzida gradualmente. A partir de 2027, será aplicada ao uso de softwares, enquanto componentes de hardware serão proibidos a partir de 2029.
Embora atualmente nenhum veículo conectado chinês seja vendido nos EUA, fabricantes como a Tesla produzem veículos elétricos na China para exportação. Já empresas ocidentais como Volvo, Polestar, Buick (GM) e Lincoln (Ford) comercializam veículos fabricados na China no mercado norte-americano.
No entanto, a proibição exclui os ônibus produzidos pela BYD, empresa chinesa que atua na Califórnia.
O impacto na indústria automobilística
Gina Raimondo, secretária do Comércio que está prestes a deixar o cargo, destacou a importância da medida:
“Os carros não são mais apenas aço sobre rodas, eles são computadores. Eles têm câmeras, microfones, dispositivos de GPS e outras tecnologias conectadas à Internet.”
A secretária afirmou ainda que o objetivo da decisão é evitar que adversários utilizem essas tecnologias para acessar dados sensíveis ou manipular informações críticas:
“Com essa decisão, o Departamento de Comércio está estabelecendo as regras necessárias para proteger a privacidade dos americanos e a segurança nacional.”
As novas regras exigem que fabricantes excluam de sua cadeia de suprimentos qualquer equipamento ou software com vínculos suficientes com a China ou a Rússia. Embora o foco inicial esteja em veículos particulares, a complexidade da cadeia de suprimentos de ônibus e caminhões exigirá regras específicas, que serão definidas em breve, segundo o Departamento de Comércio.
A preocupação com a tecnologia conectada
Os avanços tecnológicos nos veículos modernos, que integram sistemas de navegação, assistência ao motorista e direção autônoma, aumentaram os riscos de intervenção externa. A conexão com a Internet torna os carros mais vulneráveis a ataques cibernéticos e ao uso indevido de dados, justificando a postura mais rígida do governo americano.
Lael Brainaard, assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, alertou para as intenções estratégicas da China:
“A China está tentando dominar o futuro do setor automobilístico. Veículos conectados que contêm software e hardware vinculados a potências externas abrem a porta para o uso indevido de dados confidenciais ou interferência.”
Conflito crescente em outros setores tecnológicos
A decisão integra uma série de medidas recentes do governo Biden para limitar o acesso de países concorrentes, como a China, a tecnologias avançadas. Em setembro, os EUA aplicaram uma tarifa de 100% sobre carros elétricos importados da China. Além disso, novas restrições à exportação de chips de inteligência artificial (IA) foram anunciadas nesta semana, ampliando as limitações impostas em 2023.
Essas ações refletem a preocupação estratégica dos EUA com a competição no setor de semicondutores, um campo central na disputa tecnológica global. A China classificou as restrições como uma “violação flagrante” das regras do comércio internacional.
Cenário geopolítico e econômico
As medidas norte-americanas evidenciam o aprofundamento das tensões com a China e a Rússia, especialmente em áreas tecnológicas sensíveis. Para os EUA, garantir o controle e a segurança de tecnologias conectadas é essencial não apenas para a privacidade, mas também para manter sua liderança estratégica frente aos concorrentes globais.