Quando o diabo ficou vermelho e ganhou chifres?

Uma jornada através dos séculos revela como a representação de Satanás reflete as mudanças sociais, religiosas e culturais

Por Plox

15/03/2024 07h15 - Atualizado há cerca de 1 ano

Desde suas origens nas escrituras sagradas até as representações modernas, a imagem do diabo tem passado por transformações significativas, refletindo as preocupações e os valores de diferentes épocas. Originalmente descrito nas tradições judaico-cristãs como um anjo caído sem características físicas demoníacas, a figura de Satanás evoluiu através dos séculos, assumindo traços animalescos e tornando-se um símbolo potente do mal.

Foto: reprodução PIxabay

 

Nas primeiras representações artísticas, o diabo era frequentemente associado a deuses pagãos antigos, incorporando atributos físicos que simbolizavam o mal, como as patas de cabra de Pan ou o pelo facial de Bes. No entanto, foi durante a Idade Média, um período marcado por doenças devastadoras e sofrimento, que a figura do diabo ganhou os chifres e a pele vermelha que hoje são amplamente reconhecidos como suas características distintivas. Essas representações visavam refletir os horrores do inferno, servindo como um lembrete constante das consequências do pecado.

A Reforma Protestante introduziu uma nova fase na representação do diabo, com católicos e protestantes se acusando mutuamente de estar sob sua influência, através de caricaturas e propaganda. Essa época também viu o aumento das acusações de bruxaria, durante as quais Satanás era frequentemente retratado como um sedutor, destacando o medo e a desconfiança em relação ao feminino, considerado mais suscetível ao pecado.

Foto: reprodução PIxabay

 

Com o Iluminismo, a figura do diabo foi reinterpretada por escritores e pensadores, como John Milton, que descreveu um Lúcifer complexo e até mesmo simpático em "Paraíso Perdido", refletindo as ideias de rebeldia e questionamento da autoridade divina. Nesse período, Satanás começou a ser visto como um "nobre rebelde", lutando contra a tirania.

No século XX, à medida que a ciência começou a explicar fenômenos anteriormente atribuídos ao sobrenatural, a necessidade de um personagem como o diabo na sociedade secular foi questionada. Contudo, ele encontrou um novo papel na cultura popular e na propaganda, simbolizando os excessos e os prazeres pecaminosos do consumismo moderno.

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