Bate-boca entre Moro e Wolney expõe tensão sobre fraude bilionária no INSS

Ministro da Previdência e senador trocaram acusações em audiência no Senado sobre esquema que causou prejuízo de R$ 6,3 bilhões

Por Plox

15/05/2025 13h18 - Atualizado há 1 dia

Durante uma audiência realizada nesta quinta-feira (15) na Comissão de Transparência, Fiscalização e Controle do Senado, o clima esquentou entre o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, e o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), em meio a discussões sobre a fraude que atingiu o INSS.


Imagem Foto: Saulo Cruz/Agência Senad


A troca de farpas começou quando Moro questionou a falta de ação do governo federal diante de alertas feitos em uma reunião do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS) em junho de 2023, período em que Wolney atuava como secretário-executivo da pasta. Moro mencionou ainda a renúncia de Carlos Lupi, então ministro da Previdência, em meio ao escândalo que gerou prejuízo de R$ 6,3 bilhões, segundo a Polícia Federal.


Em resposta, Wolney negou ter participado da reunião mencionada por Moro e afirmou que não poderia responder pelos atos de Lupi. Ele também lembrou que o esquema fraudulento começou em 2019, ainda no governo Bolsonaro, quando Moro era o ministro da Justiça — pasta que inclui a Polícia Federal. Naquele período, já existiam denúncias sobre descontos indevidos aplicados por entidades associativas aos benefícios de aposentados e pensionistas.



A seguir, os dois iniciaram um embate direto, com Wolney afirmando que, em 2020, houve denúncia formal à Polícia Federal e que Moro, então responsável pela pasta da Justiça, deveria ter agido. Moro rebateu dizendo que nunca foi informado diretamente sobre as irregularidades e acusou Wolney de omissão, visto que, em 2023, ele teria recebido alerta formal durante a reunião do CNPS.


O ministro retrucou questionando o porquê de Moro, mesmo ocupando cargo de confiança à época, não ter tomado providências. Moro insistiu que as informações não chegaram até ele. O tom da discussão se elevou até que Wolney afirmou:

“Vossa Excelência como ministro tem muito mais obrigação de saber do que eu”


, ao que Moro respondeu, acusando-o de tentar imputar-lhe culpa indevidamente.



Diante da tensão, o presidente da comissão, senador Hiran Gonçalves (PP-RR), interveio para encerrar a discussão. Em sua fala final, Wolney ressaltou que foi na atual gestão do presidente Lula que o caso foi levado à Polícia Federal. Ele também garantiu que os aposentados prejudicados pela fraude terão os valores devolvidos.

“Essas fraudes não começaram agora, mas terminaram nesse governo. Foi uma decisão do governo do presidente Lula, que decidiu chamar a polícia”

, afirmou o ministro.

“Foi esse governo que pôs fim à farra e agiu para punir cada um daqueles ligados ao momento tão terrível a que passaram os aposentados.”




O episódio expôs não apenas a gravidade da fraude no INSS, como também o clima tenso entre representantes dos atuais e antigos governos.


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