Estudo comprova eficácia de tratamento mais barato para AVC oferecido pelo SUS

A pesquisa, apresentada na 10ª Conferência Europeia de AVC em maio, pode beneficiar pacientes com AVC isquêmico agudo.

Por Plox

15/06/2024 11h24 - Atualizado há 9 meses

Um estudo conduzido por pesquisadores brasileiros confirmou a eficácia de um tratamento mais acessível para AVC (Acidente Vascular Cerebral) disponível no SUS (Sistema Único de Saúde) desde dezembro do ano passado. A pesquisa, apresentada na 10ª Conferência Europeia de AVC em maio, pode beneficiar pacientes com AVC isquêmico agudo.

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A trombectomia mecânica (TM), que consiste na desobstrução da artéria cerebral usando um cateter, mostrou ser eficaz sem a necessidade de tomografia avançada. "É um enorme avanço porque possibilita que mais pacientes sejam tratados", afirmou a neurologista e pesquisadora Sheila Martins, presidente da Rede Brasil AVC e da World Stroke Organization. Atualmente, 13 hospitais no Brasil estão habilitados para realizar o procedimento, recomendado para pacientes até 24 horas após o início dos sintomas.

Segundo o Ministério da Saúde, uma tomografia é suficiente para determinar a viabilidade do procedimento até oito horas após o início dos sintomas. Após esse período, são necessários exames de imagem avançados, que elevam os custos e limitam o acesso, como destacou Martins: "Isso limita, porque poucos hospitais têm isso".

O ensaio clínico patrocinado pelo Ministério da Saúde envolveu 245 pacientes em 12 centros de saúde pública no Brasil. A maioria dos participantes tinha cerca de 60 anos, com pouco menos da metade sendo mulheres. Os resultados, embora ainda não publicados, foram apresentados ao Ministério da Saúde. O Ministério informou que a falta de habilitação dos hospitais não impede a realização do procedimento em estabelecimentos públicos, privados e filantrópicos, e que novos hospitais podem solicitar habilitação via Sistema de Apoio à Implementação de Políticas em Saúde (SAIPS).

De acordo com a neurologista vascular Maramelia Miranda, presidente da Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC), muitos hospitais brasileiros já realizavam o procedimento devido à inclusão em estudos anteriores. "Exames de imagem avançadas ajudam em determinados casos, mas a maioria dos casos com indicação de trombectomia hoje precisam fazer apenas tomografia e angiotomografia", afirmou Miranda.

No Brasil, o SUS começou a oferecer a TM com mais de dois anos de atraso, sendo oficialmente adotada em fevereiro de 2021 e efetivada em novembro de 2023. Miranda apontou que os principais desafios para o tratamento eficaz do AVC isquêmico são a falta de um fluxo de atendimento organizado, os altos custos dos materiais e a necessidade de equipes altamente especializadas. "Houve muitos avanços, mas ainda há um problema de acesso muito grande", explicou.

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