‘Ataque tinha objetivo de nos fazer mudar de opinião’, diz ex-comandante da FAB sobre apoio ao golpe
Em depoimento ao STF, brigadeiro Batista Júnior reafirma que ele e o ex-comandante do Exército foram perseguidos após não apoiarem tentativa de golpe
Por Plox
15/07/2025 12h50 - Atualizado há cerca de 11 horas
O brigadeiro da Força Aérea Brasileira (FAB), Batista Júnior, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (15), onde reafirmou que ele e o ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, passaram a ser alvo de perseguições após não cederem à pressão de apoiadores de Jair Bolsonaro para que apoiassem um golpe de Estado no Brasil após a eleição de 2022.

De acordo com o brigadeiro, esses ataques, especialmente nas redes sociais, tinham o claro objetivo de pressioná-los a mudar de postura e apoiar a tentativa de desestabilizar o resultado das urnas. O ex-presidente Bolsonaro havia contestado a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, alegando sem provas que houve fraude nas eleições.
O brigadeiro relatou ainda que, durante esse período, um documento para a tomada de poder à força foi apresentado a ele, ao general Freire Gomes e ao almirante Almir Garnier, que era o comandante da Marinha na época. Tanto Batista Júnior quanto Freire Gomes não concordaram com a proposta. O brigadeiro afirmou, em seu depoimento, que “não há dúvida de que, entre aqueles que se direcionaram a mim e ao general Freire Gomes, havia um desejo de que mudássemos nossa postura negativa ao plano de golpe de Estado”.
O STF segue com a fase de depoimentos de testemunhas sobre a tentativa de golpe, que tem como alvo o chamado 'núcleo 4', formado por aliados de Bolsonaro. Nessa fase, foram ouvidos o próprio Batista Júnior, Freire Gomes e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, todos em condição de testemunhas de defesa dos réus envolvidos na trama golpista.
Ao todo, o STF pretende ouvir até 178 testemunhas até o dia 23 de julho. No caso dos réus do núcleo 2, entre eles o ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, e a ex-subsecretária de Segurança Pública do DF, Marília Alencar, as acusações envolvem ações para dificultar o deslocamento de eleitores de Lula no segundo turno das eleições. Já no núcleo 3, a maior parte dos acusados é formada por oficiais das Forças Armadas, mas seus depoimentos ainda não ocorreram.
O processo segue sendo acompanhado de perto, e nomes de peso, como os filhos de Bolsonaro, Carlos e Eduardo, foram vetados pelo ministro Alexandre de Moraes, que alegou que eles já estão investigados em outros inquéritos sobre a tentativa de golpe.