Crise diplomática entre EUA e Brasil se intensifica com ameaças ao STF
Governo Trump pressiona diretamente Lula e Moraes e exige suspensão de ações judiciais contra Bolsonaro
Por Plox
15/07/2025 08h52 - Atualizado há 16 dias
A tensão entre o governo dos Estados Unidos e o Brasil atingiu um novo patamar nesta segunda-feira (14), após declarações contundentes de uma autoridade americana exigirem mudanças no tratamento judicial dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

O subsecretário de Estado norte-americano para Diplomacia Pública e Assuntos Públicos, Darren Beattie, foi o porta-voz da nova ofensiva da gestão Trump. Em postagem publicada na rede X (antigo Twitter), Beattie criticou diretamente o Supremo Tribunal Federal (STF) e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusando ambos de atacarem Jair Bolsonaro, a liberdade de expressão e até interesses comerciais dos EUA.
Beattie afirmou que Trump enviou uma carta impondo “consequências há muito esperadas” à Suprema Corte brasileira, liderada por Alexandre de Moraes, e ao governo Lula. Segundo ele, as ações contra Bolsonaro seriam “uma vergonha” e não estariam à altura da tradição democrática do país. “As declarações do presidente Trump são claras. Estaremos observando atentamente”, publicou.
A escalada verbal ocorre em meio à tramitação da ação penal contra Bolsonaro no STF, na qual ele é acusado de tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República deve apresentar, nos próximos dias, as alegações finais do caso.
Ao mesmo tempo, os Estados Unidos anunciaram uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, como medida de retaliação. O governo americano deixou claro que acompanha de perto os desdobramentos envolvendo o ex-presidente brasileiro e vê ligação direta entre a política interna do Brasil e suas decisões econômicas.
O cenário se agravou ainda mais após a aprovação da chamada Lei da Reciprocidade pelo Congresso Nacional, legislação que abre espaço para o Brasil adotar medidas econômicas contra países que impuserem sanções unilaterais.
'Tais ataques são uma vergonha e estão muito abaixo da dignidade das tradições democráticas do Brasil', escreveu Beattie, em nome da gestão Trump
.
O Palácio do Planalto e o STF reagiram com firmeza. Ministros classificaram as declarações norte-americanas como uma afronta direta à soberania brasileira e um gesto inaceitável de interferência nos assuntos internos do país. Diplomatas também expressaram preocupação com o uso de sanções econômicas como instrumento de pressão sobre o Judiciário nacional.
Essa nova crise diplomática reacende as tensões nas relações entre Brasília e Washington e lança incertezas sobre o futuro da parceria entre os dois países, num momento já delicado para a estabilidade institucional no Brasil.