Hytalo Santos e seu marido são presos acusados de crimes contra menores
Preso em Carapicuíba, Hytalo Santos é investigado por exploração de crianças e adolescentes em vídeos para redes sociais; Justiça aponta destruição de provas e tentativa de intimidação.
Por Plox
15/08/2025 10h21 - Atualizado há cerca de 13 horas
Em uma ação que mobilizou diferentes esferas da Justiça e da polícia, o influenciador paraibano Hytalo Santos e seu companheiro, Israel Nata Vicente, foram presos nesta sexta-feira (15) em uma residência localizada em Carapicuíba, região metropolitana de São Paulo.

A operação foi resultado de uma força-tarefa envolvendo o Ministério Público da Paraíba (MPPB), o Ministério Público do Trabalho (MPT), a Polícia Civil dos estados da Paraíba e de São Paulo, e ainda a Polícia Rodoviária Federal. O mandado de prisão foi expedido pelo juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, da 2ª Vara da Comarca de Bayeux.

Segundo o magistrado, há indícios significativos da prática de crimes como tráfico de pessoas, exploração sexual, trabalho infantil artístico irregular e coerção de menores para produção de vídeos com divulgação nas redes sociais. Ele afirmou que a prisão visa impedir a destruição de provas e a intimidação de testemunhas.
"Já destruíram elementos de prova; removeram o que poderia ser apreendido e tentaram interferir nas investigações" , declarou o juiz em sua decisão.
Desde o início de agosto, quando o youtuber Felca — que possui mais de 4 milhões de inscritos — denunciou a prática de "adultização" de crianças nos vídeos de Hytalo, o caso ganhou ampla repercussão. A partir disso, o MPPB instaurou uma ação civil pública e a Justiça passou a emitir mandados de busca e apreensão.
Na última terça-feira (12), a Justiça determinou o bloqueio das redes sociais de Hytalo, atendendo a um pedido da promotora Ana Maria França. Também foi ordenada a desmonetização dos vídeos já publicados, impedindo que o influenciador continue a lucrar com o conteúdo em questão.
Outra medida cautelar estabelecida foi a proibição de qualquer tipo de contato entre Hytalo e os adolescentes mencionados nos processos. A decisão, de caráter provisório, busca evitar qualquer tipo de coação ou revitimização.
Na quarta-feira (13), a Polícia Civil tentou cumprir um mandado de busca na residência do influenciador em João Pessoa, mas o imóvel estava fechado. No dia seguinte, os agentes retornaram com autorização judicial para arrombar a porta, caso necessário, e conseguiram apreender um computador e vários aparelhos celulares.
De acordo com a defesa, Hytalo "não tinha conhecimento da execução de mandado de busca e apreensão" por se tratar de medida sigilosa.
De acordo com a defesa, Hytalo "não tinha conhecimento da execução de mandado de busca e apreensão" por se tratar de medida sigilosa. Os advogados acrescentaram que o influenciador está colaborando com a Justiça e nega todas as acusações.
"Jamais compactuou com qualquer ato que atentasse contra a dignidade de crianças e adolescentes", declarou a defesa.
A investigação conduzida pelo MPPB teve início em 2024 e se divide entre as promotorias de Bayeux e João Pessoa. O influenciador prestou depoimento nos dois casos e negou todas as acusações. Os adolescentes envolvidos foram ouvidos apenas no processo de João Pessoa para evitar nova exposição.
O Ministério Público do Trabalho também conduz uma investigação paralela. Em vídeo divulgado na noite de terça-feira, o procurador Flávio Gondim informou que mais de 50 vídeos foram analisados e mais de 15 testemunhos foram coletados ao longo do processo.
A Justiça também aponta que, ao longo das investigações, Hytalo e seu companheiro teriam ocultado bens, apagado conteúdos, esvaziado residências e até tentado destruir equipamentos eletrônicos. O juiz enfatizou que os dois agiram de forma coordenada para dificultar a apuração dos fatos e comprometer as provas.
A investigação segue em andamento e as autoridades seguem reunindo provas para o desenrolar do processo, que pode ter novas desdobramentos nos próximos dias.