Novo teste de HPV no SUS promete revolucionar prevenção do câncer do colo do útero

O Sistema Único de Saúde (SUS) passou a ofertar nesta sexta-feira (15) um novo teste de biologia molecular, chamado DNA-HPV, para o rastreamento do câncer de colo do útero. A tecnologia, que detecta 14 genótipos do papilomavírus humano, promete substituir gradualmente o tradicional exame papanicolau.

Foto: Isabella Mayer/SECOM

Segundo o Ministério da Saúde, o exame identifica a presença do HPV mesmo antes do surgimento de lesões ou sintomas, aumentando significativamente a precisão diagnóstica. A principal vantagem é a possibilidade de ampliar os intervalos entre coletas para até cinco anos em casos de resultado negativo, reduzindo custos e procedimentos desnecessários.

O novo teste é uma alternativa mais sensível, especialmente útil para alcançar populações em áreas de difícil acesso ou com pouca estrutura de saúde. A coleta do exame continua sendo feita por via ginecológica, com amostra da secreção do colo do útero, mas agora o material é armazenado em um tubo com líquido conservante e enviado ao laboratório para análise de DNA do vírus.

Desenvolvido pelo Instituto de Biologia Molecular do Paraná (Fiocruz), o teste foi incorporado à rede pública após aprovação da Conitec em 2024, e está sendo inicialmente implementado em 12 estados brasileiros: Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Pará, Rondônia, Goiás, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul e no Distrito Federal. A escolha dessas localidades se deu pela presença de serviços de referência para exames complementares como colposcopia e biópsia.

A aplicação começa por um município em cada estado, com expansão gradual até atingir cobertura nacional até o fim de 2026. A meta é atender, anualmente, 7 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos.

O HPV é apontado como a principal causa do câncer de colo do útero, terceiro tipo mais frequente entre mulheres no Brasil, com cerca de 17 mil novos casos por ano. O país registra 20 mortes por dia em decorrência da doença, sendo o tipo de câncer que mais mata mulheres na região Nordeste. A Organização Mundial da Saúde classifica o teste de HPV como padrão ouro para detecção precoce e considera a nova medida um passo essencial para eliminar o câncer de colo do útero como problema de saúde pública até 2030.