Adriane Galisteu revela perda de audição por otosclerose e fala sobre desafios da doença
Apresentadora compartilhou em podcast que perdeu 60% da audição devido à condição, que também pode causar zumbido e tontura.
Por Plox
15/09/2024 14h25 - Atualizado há 6 meses
Adriane Galisteu, em recente participação no podcast PodCringe, revelou que sofre de otosclerose, uma condição caracterizada pelo enrijecimento do tecido ósseo no ouvido, o que resultou na perda de 60% de sua audição. A doença, além da perda auditiva gradual, pode levar a outros sintomas como zumbido e tontura, como os descritos pela própria apresentadora. “Você não se acostuma nunca com isso”, comentou Galisteu sobre o desconforto causado por um som contínuo, como um "apito", que ouve ocasionalmente.

Como a otosclerose afeta o ouvido
De acordo com o otorrinolaringologista Luciano Gregório, do Hospital Israelita Albert Einstein, a otosclerose interfere no processo natural de transmissão do som dentro do ouvido. Ele explica: “O som, para ser transmitido para o cérebro e a gente escutar, faz vibrar o tímpano. Depois, vibra uma cadeia de ossos e entra na cóclea, que é o órgão da audição. Na otosclerose, há uma alteração do metabolismo do osso, então, você tem a formação de uma placa de osso, e o som passa menos para a cóclea.” Esse bloqueio na transmissão do som resulta na dificuldade de audição, podendo evoluir para perda auditiva significativa.
Causas e diagnósticos da otosclerose
A origem exata da otosclerose ainda é desconhecida, o que gera grande incerteza tanto para os pacientes quanto para a comunidade médica. Galisteu, ao comentar sua experiência, destacou essa frustração: “É uma doença horrível, que você não sabe de onde ela veio, para onde ela vai, e os médicos também não sabem”. Embora a medicina tenha levantado diversas hipóteses ao longo dos anos, ainda não há consenso sobre a fisiopatologia da doença.
Gregório menciona algumas teorias que tentam explicar a causa da otosclerose. Há indícios de que a doença pode ser autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico do corpo atacaria células saudáveis. Outra possibilidade envolve uma predisposição genética, sugerindo que a doença possa ser hereditária. Além disso, alguns especialistas estudam a possibilidade de que infecções virais ou alterações metabólicas também estejam envolvidas no desenvolvimento da condição.
O diagnóstico da otosclerose é feito por meio da audiometria, um exame que avalia a capacidade auditiva do paciente. Apesar de ser uma doença conhecida e estudada, ainda não há formas de prevenir ou curar completamente a otosclerose.
Tratamentos disponíveis e desafios enfrentados
Atualmente, Galisteu enfrenta dificuldades em sua luta contra a otosclerose, afirmando que não encontrou tratamentos eficazes. Entretanto, o otorrinolaringologista Luciano Gregório esclarece que há algumas opções disponíveis para pacientes. Medicamentos podem ser prescritos para reduzir a densidade mineral óssea, e aparelhos auditivos são uma alternativa que pode melhorar significativamente a qualidade de vida. "Os aparelhos auditivos são muito bons. Se há perdas em (sons) graves ou agudos, eles conseguem personalizar qual a frequência que o paciente não está escutando e qual a intensidade que ele precisa. Então, fica bem preciso", afirma o médico.
Outra possibilidade de tratamento é a cirurgia, especialmente a estapedotomia, um procedimento no qual o osso enrijecido é substituído por uma prótese. A operação é comum e, em muitos casos, permite que o paciente recupere a audição normal. Contudo, existem riscos associados à cirurgia. “Se essa prótese sair do lugar por algum acidente, o paciente pode perder a audição e sentir tontura se vazar o líquido dentro da cóclea”, alerta Gregório. Além disso, muitos pacientes, especialmente aqueles que praticam esportes radicais, têm receio de realizar a cirurgia por medo de possíveis complicações, optando por usar aparelhos auditivos a longo prazo.
Prevalência e público afetado
A otosclerose afeta mais mulheres do que homens, segundo informações confirmadas por Luciano Gregório. A proporção é de aproximadamente três mulheres para cada homem acometido pela doença. Além disso, a condição geralmente se manifesta durante a fase adulta, o que torna a detecção precoce e o tratamento essenciais para minimizar o impacto na qualidade de vida dos pacientes.
Enquanto Galisteu continua lidando com os desafios impostos pela doença, seu relato traz à tona a realidade de muitos que convivem com a otosclerose, uma condição que, embora estudada há bastante tempo, ainda carrega muitas incógnitas sobre suas causas e tratamentos definitivos.