PT quer desgaste de Tarcísio, que cresce como nome forte para 2026
Avanço do governador de São Paulo preocupa aliados de Lula, que já articulam resposta
Por Plox
15/09/2025 11h30 - Atualizado há cerca de 5 horas
O fortalecimento político do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), tem gerado movimentações estratégicas dentro do núcleo do governo federal e entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abriu espaço para que Tarcísio seja visto como principal nome da direita para disputar o Palácio do Planalto em 2026.

A avaliação entre petistas é que o governador paulista vem cumprindo um roteiro político planejado com apoio do próprio Bolsonaro. Os dois se reuniram recentemente, o que coincidiu com um aumento da defesa pública do nome de Tarcísio por integrantes do centrão.
Durante os dias que antecederam o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Tarcísio se posicionou a favor da proposta de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro e fez críticas diretas ao tribunal. Ainda nesta semana, ele é aguardado em Brasília para novas articulações no Congresso, incluindo apoio ao projeto que visa perdoar Bolsonaro.
Preocupação com consolidação da candidatura
Nos bastidores, o presidente Lula tem afirmado que Tarcísio tende a ser o candidato do centrão em 2026. O petista também observa uma mudança de postura do governador, que nos primeiros anos de mandato mantinha abertura ao diálogo com o governo federal, mas agora adota um tom mais independente.
Aliados de Lula avaliam que Tarcísio passará a nacionalizar seu discurso político cada vez mais, tornando-se uma figura de oposição ao governo federal. Por isso, lideranças do PT defendem que é preciso iniciar uma campanha para enfraquecer a imagem do governador paulista.
Um exemplo dessa nova abordagem foi uma inserção partidária exibida na televisão na última semana. Enquanto, em nível nacional, o PT exaltou as ações do governo Lula, no estado de São Paulo a propaganda foi direcionada a críticas diretas à gestão de Tarcísio.
Estratégia do PT para São Paulo
A possível candidatura de Tarcísio ao Planalto tem impacto direto na composição das chapas para a eleição em São Paulo. O PT já planeja montar uma aliança robusta no estado para disputar o Palácio dos Bandeirantes e as duas vagas ao Senado.
Entre os nomes ventilados estão o do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), da ministra do Planejamento Simone Tebet (MDB), e do ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT). Embora Haddad venha negando interesse em concorrer ao governo estadual novamente, ele continua sendo citado por aliados como opção viável.
Caso Tarcísio deixe o pleito estadual, petistas acreditam que Alckmin teria chances reais de retornar ao governo paulista.
Preocupação com anistia e cenário internacional
A condenação de Bolsonaro e de militares envolvidos nos atos de 8 de janeiro elevou a pressão no Congresso para a aprovação do projeto de anistia. No entanto, a orientação dentro do Palácio do Planalto é contrária à proposta. Governistas trabalham para evitar que o texto chegue ao plenário, onde hoje haveria votos suficientes para aprovação.
Além da pauta interna, há também apreensão com o cenário externo. Assessores de Lula acreditam que a condenação de Bolsonaro pode impulsionar ações do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil. O republicano já anunciou aumento de tarifas de importação sobre produtos brasileiros e, segundo petistas, pode tentar interferir nas eleições de 2026 para favorecer um aliado ideológico.
Essa percepção levou o governo a considerar a necessidade de reforçar alianças comerciais, diversificar parceiros internacionais e proteger pautas sensíveis, como a regulação das big techs, que enfrentam resistência da gestão Trump.
Julgamento considerado divisor de águas
A decisão do STF, que resultou na condenação de Bolsonaro e de generais por tentativa de golpe, é vista por aliados de Lula como um marco histórico. Para o grupo político do presidente, a punição aos envolvidos envia uma mensagem clara de que ações contra as instituições democráticas não passarão impunes.
Essa leitura também alimenta a estratégia do PT de se posicionar como defensor da estabilidade institucional, enquanto tenta conter o avanço da candidatura de Tarcísio de Freitas à Presidência da República.