Estudo aponta gene presente em 26% das pessoas ligado ao Alzheimer

Pesquisa brasileira revela potencial para detecção precoce e maior compreensão da doença neurodegenerativa

Por Plox

15/10/2023 17h23 - Atualizado há cerca de 1 ano

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) trouxeram contribuições significativas ao cenário da pesquisa sobre Alzheimer em estudo publicado na revista "Nature Aging". O grupo de cientistas, liderado também por João Pedro Ferrari Souza, um doutorando no departamento de bioquímica e aluno de medicina, identificou a influência de um gene chamado Apoe (apolipoproteína E) no desenvolvimento da enfermidade. A pesquisa revelou que a presença de um ou dois alelos desse gene amplia o risco de Alzheimer entre três e 15 vezes, acelerando o acúmulo de proteínas prejudiciais no cérebro e potencializando o declínio cognitivo.

 

Detecção Precoce e Implicações Futuras

Os resultados apontam vias para uma detecção mais precoce de pacientes com maior risco para a doença. O gene Apoe, encontrado em aproximadamente 26% da população, tem correlação com o desenvolvimento acelerado de proteínas beta amiloide e tau, relacionadas à doença de Alzheimer. O estudo também indica que o gene acelera o acúmulo de placas da proteína amiloide, contribuindo para danos cerebrais e declínio cognitivo. Ferrari Souza destaca que o conhecimento adquirido pode oferecer novos caminhos para estudos e tratamentos futuros, mesmo que a presença do gene não indique necessariamente casos hereditários de Alzheimer.

 

Tratamentos e Perspectivas

No atual panorama, tratamentos como o donanemabe e o lecanemab, da Eli Lilly e Biogen respectivamente, que atuam sobre a formação de placas amiloides, emergem como aliados potenciais no contexto dessa descoberta. As novas drogas, que ainda não estão disponíveis no Brasil, poderiam ser combinadas com terapias personalizadas para pacientes identificados com o gene Apoe, segundo sugere Souza. A pesquisa, que envolveu colaboração internacional e avaliou 94 pacientes durante dois anos, não apenas ilumina uma parte do complexo quebra-cabeça que é o Alzheimer, mas também abre portas para novas investigações na busca por estratégias terapêuticas mais eficazes e personalizadas.

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