Minas Gerais ocupa segunda posição no Brasil em número de médicos, mas distribuição desigual preocupa

Conselho Federal de Medicina alerta para a concentração de profissionais em grandes centros urbanos e a falta de médicos em regiões menos desenvolvidas.

Por Plox

15/10/2024 12h17 - Atualizado há 5 dias

 

O estado de São Paulo possui a maior quantidade de médicos no Brasil, com 166 mil profissionais, seguido por Minas Gerais (72 mil), Rio de Janeiro (70 mil) e Rio Grande do Sul (37 mil). No extremo oposto, estão os estados com o menor número de médicos: Amapá (1,1 mil), Roraima (1,2 mil), Acre (1,5 mil) e Tocantins (4,3 mil). Os dados foram divulgados nesta terça-feira (15) pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Densidade de médicos por habitantes

Em termos de densidade de médicos por mil habitantes, o Distrito Federal se destaca com 6,3 médicos por mil habitantes, seguido por Rio de Janeiro (4,3), São Paulo (3,7), Espírito Santo (3,6), Minas Gerais (3,5) e Rio Grande do Sul (3,4). Por outro lado, estados como Amazonas (1,6), Amapá (1,5), Pará (1,4) e Maranhão (1,3) apresentam as menores proporções de médicos por mil habitantes, embora tenham mostrado crescimento significativo nos últimos 14 anos. Em 2010, esses estados tinham índices bem menores, com o Amazonas, por exemplo, registrando apenas 0,97 médico por mil habitantes.

Desigualdade entre capitais e interior

Um dos principais problemas apontados pelo CFM é a disparidade na distribuição dos médicos entre capitais e áreas menos desenvolvidas. As capitais, que abrigam 23% da população, concentram 52% dos médicos, enquanto os municípios do interior, onde vivem 77% dos brasileiros, contam com apenas 48% dos profissionais. Essa concentração reflete a dificuldade de atrair médicos para regiões rurais ou mais distantes dos grandes centros econômicos.

Distribuição regional

A região Sudeste concentra a maior densidade e proporção de médicos do país, com 3,76 médicos por mil habitantes, sendo responsável por 51% do total de profissionais no Brasil, apesar de representar 41% da população. Em contrapartida, o Norte do país apresenta a menor densidade, com apenas 1,73 médicos por mil habitantes, representando 4,8% dos médicos do Brasil, mesmo abrigando 8,6% da população nacional.

Foto: Reprodução/Freepik

 

 

O Nordeste, que concentra quase 27% da população, conta com apenas 19% dos médicos e uma razão de 2,22 médicos por mil habitantes. O Sul, com 16% dos profissionais e 15% da população, apresenta uma densidade de 3,27 médicos por mil habitantes, enquanto o Centro-Oeste, com 9% dos médicos e 8% da população, possui uma proporção de 3,39 médicos por mil habitantes.

Políticas públicas para redistribuição de médicos

O presidente do CFM, José Hiran Gallo, destacou a necessidade de políticas públicas que incentivem a redistribuição de médicos pelo país, especialmente nas regiões mais carentes de profissionais. "É imprescindível o desenvolvimento de uma política de recursos humanos robusta para a assistência ao SUS, enfatizando a criação de incentivos atrativos aos profissionais para sua fixação em regiões com maior dificuldade de provimento", afirmou Gallo.

Crescimento do número de médicos e desafios na formação

O Brasil atingiu, em abril, a marca de 575.930 médicos ativos, uma das maiores do mundo. Contudo, o CFM expressa preocupação com o crescimento desordenado no número de escolas médicas, o que pode impactar negativamente a qualidade da formação dos futuros profissionais. "Observamos a criação indiscriminada de escolas médicas no país sem critérios técnicos mínimos, o que afeta a qualidade do preparo dos futuros profissionais da medicina", alertou o presidente do CFM.

Além do aumento no número de médicos, Gallo reforça que é necessário oferecer melhores condições de trabalho para garantir a qualidade do atendimento, especialmente na rede pública. "A equação do atendimento, em especial na rede pública, não é uma questão apenas matemática, mas de planejamento e boa gestão", concluiu o presidente do CFM.

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