Mutirão de cirurgias pré-eleições termina com seis pessoas perdendo a visão

Em um mutirão de cirurgias de catarata realizado pela Prefeitura de Parelhas, no Rio Grande do Norte, pelo menos 15 pessoas sofreram com uma infecção bacteriana, e seis delas precisaram remover o globo ocular. O evento ocorreu nos dias 27 e 28 de setembro, pouco antes das eleições municipais, nas quais o prefeito Tiago Almeida (PSDB) foi reeleito com 75,35% dos votos.

Procedimentos e consequências

No total, 48 pessoas participaram do mutirão na Maternidade Dr. Graciliano Lordão, com o objetivo de reduzir a fila de espera por cirurgias de catarata, que é significativa na cidade de 21 mil habitantes, localizada a 240 km de Natal. A prefeitura de Parelhas destacou que essa iniciativa já beneficiou cerca de 400 pessoas que aguardavam por essas cirurgias. No entanto, o mutirão mais recente foi marcado por complicações graves, resultando em danos irreversíveis para alguns dos pacientes.

A Prefeitura de Parelhas afirmou, em nota, que quatro dos pacientes afetados passaram por cirurgias de vitrectomia, com todos os custos cobertos pelo município. O município também destacou que equipes compostas por oftalmologistas, infectologistas, assistentes sociais e psicólogos estão acompanhando os pacientes e suas famílias, fornecendo suporte diante dessa situação crítica.

Ações e investigação

Diante das complicações, a prefeitura tomou medidas imediatas, notificando as autoridades competentes para investigar as causas da infecção. Em sua nota, a administração municipal destacou a seriedade do impacto para a comunidade: “Sabemos o quanto isso impacta não apenas os pacientes, mas também seus familiares e toda a nossa comunidade. Por isso, todas as providências cabíveis foram tomadas, incluindo a notificação imediata aos órgãos competentes, para que a causa da infecção seja devidamente investigada e corrigida”.

Além disso, a empresa responsável pela realização dos procedimentos foi notificada formalmente pelo município, que exigiu esclarecimentos detalhados e abriu um processo administrativo para apurar as circunstâncias e possíveis responsabilidades pelo ocorrido.

Repercussão e posicionamento estadual

Até o momento, a Secretaria de Estado da Saúde Pública do Rio Grande do Norte não foi notificada oficialmente sobre os problemas ocorridos durante o mutirão. A ausência de comunicação formal do incidente por parte das autoridades municipais à secretaria estadual levanta questionamentos sobre os procedimentos de acompanhamento e notificação em casos de complicações graves.

A prefeitura de Parelhas, no entanto, nega qualquer vínculo entre o mutirão e o período eleitoral, reforçando que a iniciativa se justificava pela necessidade de atender à grande demanda reprimida por cirurgias de catarata no município.