Rede de farmácia é investigada por informar ‘doença grave’ a idoso e constrangê-lo a pagar R$ 1.200 em remédios

A empresa está sendo investigada por crimes previstos no Código de Defesa do Consumidor, com foco principal em fraudes contra clientes idosos.

Por Plox

15/10/2024 13h58 - Atualizado há 6 dias

A Polícia Civil de Minas Gerais revelou detalhes de uma operação realizada em quatro lojas da rede de farmácias Droga Clara, localizada em Belo Horizonte. A ação, que aconteceu na manhã de segunda-feira (14), incluiu mandados de busca e apreensão tanto nos estabelecimentos quanto nas residências dos proprietários. A empresa está sendo investigada por crimes previstos no Código de Defesa do Consumidor, com foco principal em fraudes contra clientes idosos.

O caso que originou a investigação veio de uma denúncia feita ao Procon da Assembleia Legislativa por um idoso de 80 anos. Ele relatou que, ao procurar um remédio simples para dor em uma das lojas da rede, acabou sendo induzido a gastar mais de R$ 1.200 em medicamentos e suplementos desnecessários. O idoso descreveu como foi abordado pelos funcionários, que ofereceram gratuitamente aferição de pressão arterial e glicose. Após o exame, os funcionários alegaram que ele estaria com um grave problema de saúde e o convenceram a adquirir um combo de suplementos vitamínicos.

Ações fraudulentas: suplementos e cartão de crédito

Segundo a delegada Elyenni Célida, responsável pela Delegacia de Defesa do Consumidor, o idoso foi levado para a sala do farmacêutico, onde disseram que sua condição de saúde era alarmante. Nesse momento, os funcionários apresentaram quatro frascos de suplementos alimentares, garantindo que esses produtos resolveriam o problema. Com medo, o idoso acreditou e acabou adquirindo os suplementos por cerca de R$ 1.200. Além disso, sem perceber, ele foi induzido a fazer um cartão de crédito sem seu consentimento.

"Os funcionários pediram o documento de identidade e uma biometria facial, dizendo que era para conceder um desconto nos suplementos, mas ele não sabia que estava aderindo a um cartão de crédito", explicou a delegada. Mais tarde, o idoso recebeu uma mensagem de texto informando que havia feito uma compra de R$ 1.200, parcelada em quatro vezes, o que o deixou ainda mais alarmado.

Denúncias de estelionato e prática ilegal de medicina

Com base nesse caso, a polícia iniciou uma investigação mais ampla sobre a rede Droga Clara. Cerca de 30 a 40 pessoas já fizeram denúncias semelhantes, com todas as vítimas sendo idosos ou pessoas em situações de vulnerabilidade, como indivíduos com capacidade intelectual reduzida ou problemas de visão. A rede está sendo investigada por estelionato, enganar o consumidor e exercício irregular de medicina, já que prescrever tratamentos sem realizar exames adequados é considerado ilegal.

"Não tem condições de prescrever e dizer que uma pessoa saudável está com carência de vitamina sem fazer um exame", reforçou a delegada Elyenni Célida.

Resposta da Droga Clara

Em nota oficial, a rede Droga Clara declarou que reembolsou o valor pago pelo idoso e que suas operações são conduzidas com "transparência e ética". A empresa afirmou seguir rigorosamente as normas sanitárias e jurídicas, além de garantir que seus produtos estão devidamente regulamentados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

A empresa também enfatizou que a adesão de cartões de crédito segue todas as normas estabelecidas pelo Banco Central do Brasil e que as informações sobre serviços financeiros são claramente comunicadas aos clientes. A Droga Clara reafirmou seu compromisso com a responsabilidade e o bem-estar dos clientes, garantindo que todas as interações são pautadas pela integridade.

"A confiança depositada em nossa marca é tratada com a máxima seriedade. Trabalhamos incessantemente para manter a qualidade dos nossos produtos e serviços, oferecendo um ambiente seguro e acolhedor para nossos clientes", declarou a farmácia em nota.

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