Argentina articula oposição à taxação de super-ricos e desafia agenda brasileira no G20
Presidente argentino lidera resistência a iniciativas progressistas, incluindo taxação de grandes fortunas e temas ligados à igualdade de gênero
Por Plox
15/11/2024 18h17 - Atualizado há 8 meses
O governo da Argentina, sob a liderança de Javier Milei, intensificou sua oposição às propostas do Brasil no G20, especialmente à taxação dos super-ricos, defendida pelo ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad. Durante negociações realizadas no Rio de Janeiro, a delegação argentina revelou ter recebido instruções diretas para bloquear qualquer menção ao tema no documento final do encontro, que será apresentado aos líderes globais na próxima semana.

Apoio a Trump e divergências tributárias
A resistência da Argentina a essa proposta é interpretada por negociadores brasileiros como um gesto estratégico para alinhar-se com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. O republicano já sinalizou que irá manter cortes de impostos, incluindo aqueles direcionados aos super-ricos, implementados durante sua administração anterior. Essa postura de Buenos Aires contrasta diretamente com os esforços brasileiros, que, em julho, haviam garantido a inclusão de uma linguagem favorável à taxação progressiva em reuniões de ministros da Fazenda do G20.
Ataques a outros pilares da agenda global
Além da questão tributária, a delegação argentina também mostrou oposição a outros temas presentes na declaração final. Entre os pontos mais controversos estão as referências à igualdade de gênero, empoderamento das mulheres, e compromissos com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Esses objetivos, estabelecidos em 2015 como parte da Agenda 2030, visam promover a sustentabilidade, erradicar a pobreza e proteger o planeta.
Vitória temporária brasileira sob ameaça
O texto negociado anteriormente pelo Brasil, que reafirma o compromisso com um "diálogo global sobre tributação justa e progressiva", foi considerado uma conquista importante por Haddad, mesmo em sua formulação branda. Contudo, a resistência de Milei coloca em risco a inclusão desse avanço no comunicado final, destacando uma divergência crescente entre os dois países na abordagem de políticas econômicas e sociais.
A cúpula do G20 acontece nos dias 18 e 19 de novembro no Rio de Janeiro, reunindo líderes das maiores economias do mundo. As negociações, já marcadas por tensões, devem determinar o tom das relações futuras entre os membros do grupo em relação a temas fundamentais para o desenvolvimento global.