Banco Central prevê Pix com função de crédito para 2025, diz Campos Neto
Novo recurso permitirá transações no estilo cartão de crédito diretamente pelo sistema de pagamento instantâneo
Por Plox
15/11/2024 20h04 - Atualizado há 7 meses
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, revelou que o Pix poderá incorporar a função de cartão de crédito até o final de 2025. O projeto, que já está em desenvolvimento pela área de tecnologia da instituição, busca eliminar a necessidade de cartões físicos, permitindo transações diretamente pelo sistema bancário. “Não precisaria mais ter o cartão, você poderia fazer a função cartão de crédito direto com o banco”, afirmou Campos Neto.

Segundo o presidente do BC, o avanço reduzirá custos para lojistas e oferecerá crédito de forma mais eficiente. “Com essa plataforma, o banco pode fazer o desconto na sua própria taxa de risco. Vai baratear muito para o lojista em termos de quanto ele tem que dar de desconto para receber o dinheiro na frente”, explicou.
Atualmente, os lojistas enfrentam custos elevados para antecipar recebíveis em compras parceladas. Com o novo recurso, será possível minimizar esses encargos, já que a plataforma do Pix permitirá um desconto baseado no risco real de cada banco.
Impactos no spread bancário
Outro aspecto destacado por Campos Neto é o papel do Pix na redução do spread bancário, que é a diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos na captação de recursos. Ele defendeu que o Grupo de Trabalho (GT) do spread bancário, criado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, conte com representantes do Banco Central.
“A baixa recuperação de crédito no Brasil é um dos problemas principais. Não apenas o índice de recuperação é baixo, como o processo é demorado”, afirmou Campos Neto. Essa dificuldade eleva a incerteza e, consequentemente, os custos para os consumidores. O Brasil figura entre os países com recuperação de crédito mais lenta, ficando atrás de Zimbábue, Turquia, Burundi, Venezuela e Haiti.
O GT também avalia uma proposta para permitir que empresas utilizem fluxos futuros gerados pelo Pix como garantia de empréstimos bancários. Para isso, será necessário o desenvolvimento de uma tecnologia capaz de bloquear os fluxos de forma reversa, garantindo maior segurança às operações.
Parcelamento sem juros segue em debate
Um tema que pode voltar ao centro das discussões é o parcelamento sem juros em compras com cartão de crédito. Campos Neto destacou que, embora essa prática esteja enraizada na cultura de consumo brasileira, ela apresenta desafios para o sistema financeiro.
“É um tema muito difícil de resolver porque é uma cultura que já está estabelecida na forma de as pessoas consumirem. Acho que isso vai voltar a ser discutido em algum momento”, avaliou. Ele ressaltou que, apesar das mudanças no crédito rotativo no ano passado, o impacto do parcelamento sem juros estabilizou o risco ao sistema.
Avanço tecnológico e desafios futuros
Para implementar a nova funcionalidade do Pix, serão necessárias melhorias tecnológicas na plataforma de pagamentos. Campos Neto explicou que as instituições financeiras precisarão garantir mecanismos que permitam o bloqueio reverso de valores. Essa tecnologia é essencial para viabilizar tanto o crédito quanto o uso de recebíveis do Pix como garantia.
O mandato de Campos Neto no Banco Central se encerra em 31 de dezembro de 2024. Ele enfatizou que a continuidade do projeto dependerá da próxima gestão, mas acredita que o desenvolvimento do Pix com função de crédito representará um marco na modernização do sistema financeiro brasileiro.