Quase 32% dos atestados médicos em 2021 foram por doenças respiratórias, diz pesquisa
Médico epidemiologista comenta expectativas sobre a terceira nova onda de infecção e os cuidados necessários nessa etapa
Por Plox
15/12/2022 12h46 - Atualizado há cerca de 2 anos
Em janeiro de 2021, o Brasil iniciou sua campanha de vacinação contra a COVID-19, e o país registra pouco mais de 90% da população exposta a pelo menos uma dose da vacina. Nas últimas duas semanas, o aumento do número de casos positivos voltou a chamar atenção da sociedade sobre a possibilidade de uma nova onda epidêmica. Recentemente, a healthtech de saúde ocupacional 3778 analisou 36.291 mil afastamentos médicos de seus pacientes por doenças ou problemas de saúde de profissionais de diversos setores no último ano. Os dados revelam que o principal motivo de afastamento no trabalho ainda é causado por doenças respiratórias, como a COVID-19, representando 31,9% do total.
“O momento atual indica um maior aumento da demanda por serviços de saúde e é esperado um crescimento moderado, porém visível no número de internações e até mesmo de óbitos. Essa nova onda é causada principalmente pelas sub variantes da já conhecida Omicron, que se espalha mais rápido. Mesmo assim, é esperado que essa nova onda tenha menos intensidade em número de casos graves e óbitos quando comparada aos primeiros meses da epidemia. O momento agora é de relembrar e reforçar os cuidados”, explica o Dr. Mauro Cardoso, cientista de dados e médico epidemiologista da 3778.
Os dados apresentados pela startup, sobre os atestados analisados, indicaram outras causas importantes de afastamentos. Além do COVID-19, saúde mental foi um dos fatores que apareceu com maior frequência na pesquisa. Do total, mais de 10% apresentaram transtornos mentais e comportamentais, como estresse e depressão.
Também foi analisado as áreas de atuação dos mais de 36 mil atestados. Do total de profissionais avaliados, mais de 65% eram da área da Saúde, enquanto 22% eram da Educação e cerca de 7% da Segurança Pública. “São áreas que estão sempre em contato com outras pessoas. São médicos, enfermeiros, professores e policiais. Como parte da sua atuação é o atendimento, isso explica a alta nesses setores, mas é preciso ficar atento e redobrar os cuidados para que a saúde desses profissionais também seja resguardada”, comenta Dr. Cardoso.
Por conta do escape imunológico e da incompletude do esquema vacinal, quando pessoas deixam de tomar as doses adicionais ou de reforço da vacina, novas ondas de infecção por COVID-19 já eram esperadas, assim como licenças médicas para tratá-las em isolamento ou em casa. “A principal recomendação é cumprir o esquema vacinal. Cerca de 45% da população ainda não tomou as restantes doses de reforço. Podemos também evitar grandes aglomerações como em eventos culturais ou esportivos e até mesmo adotar o uso de máscara dentro de locais fechados, como os transportes públicos”, explica o especialista.
Para o Dr. Mauro, essa nova onda de infecção terá um pico maior entre final de novembro e começo de dezembro, permanecendo em um número mais elevado até o final do ano. O médico ainda reforça a necessidade de auto-isolamento e, se possível, trabalho remoto, para aquelas pessoas que apresentarem sintomas gripais como febre, nariz entupido ou congestão nasal, tosse e falta de ar.