Azul e Gol avançam em fusão histórica, que poderá dominar 60% do mercado aéreo nacional

Empresas firmam memorando de entendimento e aguardam desfecho de processos judiciais e aprovação regulatória para consolidação do novo grupo.

Por Plox

16/01/2025 07h51 - Atualizado há 7 meses

As companhias aéreas Azul e Gol deram um passo decisivo rumo à criação de uma das maiores empresas do setor aéreo no Brasil. Em um movimento estratégico anunciado nesta quarta-feira (15), as empresas assinaram um memorando de entendimento que estabelece as bases para uma fusão. Caso a operação seja concluída, a nova organização terá domínio sobre 60% do mercado de aviação nacional.

Foto: Reprodução

Condições para a fusão

A viabilidade da união depende de etapas fundamentais, como o encerramento do processo de recuperação judicial da Gol nos Estados Unidos, previsto para abril de 2025. O memorando, divulgado ao mercado financeiro, detalha a estrutura de governança da futura companhia.

A empresa terá um modelo de gestão compartilhada, com nove conselheiros: três indicados pela holding Abra, controladora da Gol e da Avianca, três pela Azul e outros três conselheiros independentes. O comando será dividido de forma estratégica: o presidente do conselho será nomeado pela Abra, enquanto o diretor-executivo (CEO) será indicado pela Azul. John Rodgerson, atual CEO da Azul, assumirá a presidência executiva do grupo, desde que a fusão seja aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A conclusão desse processo está estimada para ocorrer em 2026.

Modelo de operação e independência de marcas

Mesmo com a fusão, as marcas Azul e Gol seguirão operando de forma independente. No entanto, as empresas poderão compartilhar aeronaves e otimizar rotas, integrando voos entre grandes centros e destinos regionais. Essa sinergia busca ampliar a conectividade no território nacional, sem necessidade de novos investimentos financeiros, apenas com o uso dos ativos já existentes.

Além disso, a Azul continuará a adquirir aeronaves da Embraer e expandir sua atuação em rotas internacionais, enquanto a Gol se concentra na recuperação financeira e no cumprimento dos parâmetros estabelecidos no acordo.

Reestruturação financeira e limites de alavancagem

Um dos pontos críticos para a concretização da fusão é a alavancagem financeira das empresas, que deve atender a parâmetros estabelecidos. Segundo o memorando, a soma das alavancagens de Azul e Gol não poderá exceder o índice da Gol após o término da recuperação judicial.

No terceiro trimestre de 2024, a Gol registrou uma alavancagem de 5,5 vezes. Para atingir o objetivo de abril de 2025, a empresa planeja reduzir esse índice para cerca de 4,5 vezes. Esse esforço será essencial para viabilizar o acordo, garantindo a sustentabilidade financeira do novo grupo.

Impacto no mercado aéreo brasileiro

Se aprovada, a fusão criará um gigante no setor de aviação nacional, capaz de competir em um mercado historicamente fragmentado e marcado por desafios financeiros. A união promete gerar eficiência operacional e novas oportunidades de crescimento, enquanto mantém as marcas reconhecidas pelos consumidores brasileiros.

Com a previsão de conclusão em 2026, o mercado aéreo do Brasil pode enfrentar transformações significativas, com uma concentração inédita de 60% do segmento nas mãos da nova companhia.

Destaques