Gestão do Carnaval em BH: disputa aquece entre Zema e Fuad
Governo de Minas e Prefeitura de BH reivindicam sucesso do evento; Carnaval atrai milhões e gera debate sobre gestão cultural
Por Plox
16/02/2024 07h23 - Atualizado há 10 meses
O Carnaval de Belo Horizonte, que se estende até 18 de fevereiro, testemunha uma acirrada disputa política entre o governo do estado de Minas Gerais e a prefeitura municipal sobre a atribuição do sucesso da festa. Segundo dados do governo estadual, o evento reuniu 5,5 milhões de foliões nas ruas da capital entre os dias 9 e 13 de fevereiro, e outros 6,5 milhões celebraram em diversas cidades do interior
O governador Romeu Zema (Novo) apresentou um balanço positivo da festividade, classificando-a como o "melhor Carnaval da história" de Minas Gerais. Durante seu pronunciamento, Zema enfatizou o caráter da festa como uma celebração cultural popular e destacou o esforço do governo estadual em apoiá-la sem favorecer interesses particulares. "Neste Carnaval, fizemos o que é melhor para o público, sem privilégios", declarou o governador, apesar de não marcar presença na capital durante o período festivo, mantendo a postura dos últimos cinco anos.
Por outro lado, o prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), também reivindicou o sucesso do evento, lembrando das iniciativas municipais para garantir a realização e a expansão do Carnaval. Em declaração anterior ao fechamento do evento, Noman salientou a importância do planejamento para o crescimento sustentável da festa, citando reconhecimento internacional como indicativo de sucesso.
A rivalidade entre as administrações estadual e municipal não se limitou ao período pós-Carnaval, iniciando-se já no pré-festividades com trocas de provocações nas redes sociais e investimentos específicos para a celebração.
A disputa por reconhecimento no sucesso do Carnaval reflete uma dinâmica mais ampla de como bens culturais são politizados, conforme explicou Bruno Viveiros, doutor em história pela UFMG. Segundo ele, o Carnaval se estabelece como um evento que transcende a gestão institucional, evidenciando a possibilidade de coexistência entre a celebração popular nas ruas e as grandes produções patrocinadas.
Rodrigo "Boi", regente do bloco Juventude Bronzeada, reforçou a natureza resistente do Carnaval, destacando sua importância cultural e política. Durante o desfile, o bloco exibiu mensagens críticas ao governo Zema e à privatização de empresas públicas, demonstrando a intersecção entre festividade e ativismo.