Preço dos ovos dispara e pode impactar supermercados e consumidores nos próximos meses
Alta já atinge atacado, enquanto varejo ainda não reflete aumento
Por Plox
16/02/2025 10h24 - Atualizado há 25 dias
O preço dos ovos tem registrado aumentos diários no atacado, especialmente nas regiões produtoras, o que tem gerado preocupação entre supermercados, feirantes e consumidores. Segundo a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), essa valorização começou a se intensificar a partir da segunda quinzena de janeiro.

Fatores que impulsionam o aumento
Diversos fatores explicam essa alta nos preços. Um deles é o aumento do consumo de ovos como alternativa às carnes, que também estão mais caras. Além disso, a proximidade da Quaresma – que neste ano acontece entre 5 de março e 17 de abril – eleva a demanda, já que muitas pessoas evitam carne vermelha nesse período. O custo da ração para as aves também tem pressionado os preços.
"As empresas iniciaram a programação de abastecimento das lojas para atender à demanda sazonal da Quaresma, mas a restrição na oferta e os aumentos sucessivos de preços preocupam os supermercados. Além disso, os consumidores também têm recorrido mais aos ovos de galinha devido à alta dos preços das demais proteínas", declarou, em nota, o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.
Valores recordes no atacado
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, divulgados nessa sexta-feira (14), mostram que o preço dos ovos no atacado atingiu o maior valor nominal desde o início da série histórica, em maio de 2013.
Em Santa Maria de Jetibá (ES), maior produtora de ovos do Brasil, os preços alcançaram o maior nível da série em termos reais, considerando a inflação. A caixa com 30 dúzias de ovos brancos chegou a R$ 233,55, um aumento de 37,9% em relação aos R$ 169,33 registrados em fevereiro de 2024. Já a caixa de ovos vermelhos subiu 40,8%, passando de R$ 187,57 para R$ 264,21.
Na Grande São Paulo, o preço da caixa de ovos brancos subiu 18%, de R$ 172,49 para R$ 203,57, enquanto os vermelhos aumentaram 14,7%, de R$ 200,25 para R$ 229,78.
Já na Grande Belo Horizonte, os ovos brancos passaram de R$ 173,91 para R$ 212,07, uma alta de 21,9%. No caso dos ovos vermelhos, o aumento foi de 16,2%, com o preço subindo de R$ 199,81 para R$ 232,21.
Impacto no varejo pode ocorrer em breve
Apesar da forte valorização no atacado, os preços no varejo ainda não refletem essa alta. Segundo relatório da Abras, entre janeiro e dezembro de 2024, o valor médio dos ovos caiu 4,53% nos supermercados. No mesmo período, outras proteínas tiveram aumentos significativos, como cortes traseiros de carne (20,05%), dianteiros (25,25%) e pernil (20,05%).
A tendência, porém, é que os preços fiquem pressionados até o fim da Quaresma. Dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp) indicam que a baixa oferta de ovos entre dezembro e fevereiro é um fenômeno sazonal, seguido por recuperação em março. A Ceagesp já registrou aumentos de 0,66% para os ovos brancos e 0,38% para os ovos vermelhos no entreposto da capital paulista.
Mudança no peso dos ovos
Outro fator que impacta o consumidor é a mudança nas categorias de peso dos ovos. A portaria nº 1.179 do Ministério da Agricultura, publicada em setembro, reduziu o peso médio dos ovos em cerca de 10 gramas por unidade.
Pelas novas regras, um ovo médio deve pesar entre 38 g e 47 g, enquanto antes deveria ultrapassar 50 g. A Abras avalia que essa mudança pode afetar o custo-benefício do produto para os consumidores. A mesma portaria também determinou que, a partir de 4 de março, os ovos deverão ter a data de validade carimbada na casca.
Cenário internacional também preocupa
A alta nos preços dos ovos não é um problema exclusivo do Brasil. Nos Estados Unidos, por exemplo, o produto teve um aumento de 15% em um mês, resultando em prateleiras vazias e preocupações com novos casos de gripe aviária. A escalada de preços foi um dos principais argumentos do ex-presidente Donald Trump para criticar a inflação durante a gestão de Joe Biden. Desde que reassumiu a presidência em 20 de janeiro, o republicano ainda não conseguiu conter o avanço dos preços.