Anvisa alerta para risco de 'síndrome do lobisomem' em bebês expostos a minoxidil
Após casos na Europa, agência brasileira exige que fabricantes incluam advertência sobre hipertricose na bula do medicamento
Por Plox
16/04/2025 10h09 - Atualizado há 9 dias
O uso do minoxidil, medicamento amplamente conhecido por tratar a calvície, voltou ao centro dos holofotes após uma série de relatos vindos da Europa envolvendo bebês que desenvolveram hipertricose — crescimento excessivo de pelos — após exposição acidental ao produto.

As imagens de crianças com pelos descendo pela testa, cobrindo as costas e braços chocaram especialistas e autoridades sanitárias. A condição, apelidada popularmente de “síndrome do lobisomem”, levou a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a emitir um alerta nesta terça-feira (15), recomendando que os fabricantes incluam na bula do medicamento o risco de hipertricose em recém-nascidos.
A recomendação foi feita após a análise de um relatório divulgado pelo Centro de Farmacovigilância de Navarra, na Espanha, que apontou 11 casos registrados em que bebês teriam absorvido minoxidil por meio do contato com a pele dos pais. Segundo os especialistas, isso pode ter ocorrido porque a pele dos pequenos é mais fina e absorve substâncias com maior facilidade. Outra hipótese é que as crianças tocaram áreas onde o produto foi aplicado e, em seguida, levaram a mão à boca.
A Anvisa orienta que pais e cuidadores redobrem os cuidados ao utilizar o medicamento, lavando bem as mãos após a aplicação e evitando que os bebês toquem regiões do corpo onde o produto foi passado.
“A exposição tópica acidental pode gerar efeitos colaterais graves em crianças, especialmente devido à sua maior sensibilidade cutânea”, alerta a agência
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O minoxidil, inicialmente criado para tratar hipertensão, acabou sendo utilizado de forma off label no combate à calvície devido ao seu efeito colateral de estimular o crescimento de pelos. Hoje, está disponível tanto em forma tópica quanto em comprimidos, sendo o uso cutâneo o mais associado aos casos de hipertricose.
A boa notícia, segundo os especialistas europeus, é que os quadros observados até agora foram reversíveis com a interrupção do contato da criança com o produto. Ainda assim, o alerta serve como um chamado à atenção para o uso responsável do medicamento, especialmente em lares com bebês.