China convoca reunião da ONU e acusa EUA de intimidação com tarifas
País asiático afirma que os Estados Unidos utilizam tarifas como instrumento de intimidação e prejudicam os esforços globais por paz e desenvolvimento.
Por Plox
16/04/2025 18h02 - Atualizado há 8 dias
O governo chinês encaminhou uma carta a todos os 193 Estados-membros das Nações Unidas, solicitando uma reunião informal do Conselho de Segurança da ONU marcada para a próxima quarta-feira (23). O objetivo é discutir o uso de tarifas comerciais como ferramentas de coerção econômica.

No comunicado, a China acusa diretamente os Estados Unidos de empregar tarifas como armas para intimidar outras nações, afirmando que essa prática \"lança uma sombra sobre os esforços globais pela paz e desenvolvimento\". Segundo autoridades chinesas, tal postura compromete o equilíbrio nas relações internacionais.
A convocação para o encontro na ONU ocorre em meio à escalada de tensões comerciais entre os dois países. Nas últimas semanas, uma guerra tarifária vem se intensificando, com os Estados Unidos impondo taxas elevadas a produtos chineses e recebendo como resposta medidas semelhantes por parte do governo asiático.
Nesta quarta-feira, a agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento alertou que o crescimento da economia global pode cair para 2,3% devido à instabilidade gerada pelas tensões comerciais. A preocupação global com os impactos dessas disputas tem aumentado, especialmente diante de possíveis reflexos em países emergentes.
Também nesta quarta-feira, Li Jian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, declarou que os EUA deveriam abandonar a política de \"pressão máxima\" e parar com ameaças e chantagens, caso tenham realmente a intenção de dialogar de forma construtiva.
"Se os Estados Unidos querem negociar de verdade, precisam recuar nas ameaças e mostrar boa-fé", afirmou Li Jian
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Um dia antes, a Casa Branca havia publicado um comunicado afirmando que, devido a \"ações retaliatórias\" da China, os produtos do país asiático enfrentariam tarifas de até 245%. A porta-voz Karoline Leavitt disse que, na visão do presidente Donald Trump, os americanos não precisam chegar a um acordo comercial com a China, e que agora cabe ao governo chinês decidir os rumos das negociações.
Em resposta, o porta-voz chinês reiterou que a guerra comercial foi iniciada pelos Estados Unidos, e não pela China. Segundo ele, a postura norte-americana tem sido agressiva desde o início.
A disputa começou no início do mês, quando Donald Trump anunciou um tarifaço sobre produtos chineses e de outros países. Pouco tempo depois, os EUA reduziram as tarifas por um prazo de 90 dias com o objetivo de abrir espaço para negociação. No entanto, ao final do período, as taxas voltaram a subir, atingindo patamares recordes.
Atualmente, os produtos chineses importados pelos EUA podem ser taxados em até 245%, com exceção de itens eletrônicos como laptops e smartphones. Já a China respondeu com tarifas de até 125% sobre produtos norte-americanos.
A convocação chinesa ao Conselho de Segurança reflete uma tentativa de internacionalizar a discussão e aumentar a pressão diplomática sobre os EUA, colocando a guerra comercial sob os holofotes da comunidade global.