China reage e exige fim de 'ameaças' dos EUA
Governo chinês pede que Trump interrompa chantagens e negocie com respeito e igualdade em meio à guerra comercial
Por Plox
16/04/2025 08h45 - Atualizado há 9 dias
A tensão entre as duas maiores potências econômicas do mundo ganhou um novo capítulo nesta quarta-feira (16). O governo da China exigiu que os Estados Unidos interrompam o que chamou de 'ameaças e chantagens', após a Casa Branca transferir para Pequim a responsabilidade de dar início a uma negociação para conter o agravamento da guerra tarifária.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, declarou que seu país não quer conflito, mas também não teme um embate comercial.
\"Se os Estados Unidos realmente querem resolver o assunto por meio do diálogo e da negociação, devem parar de exercer pressão extrema, parar de ameaçar e chantagear, e conversar com a China com base na igualdade, respeito e benefício mútuo\", afirmou o representante.
Desde que reassumiu a presidência em janeiro, Donald Trump impôs tarifas adicionais de 145% sobre diversos produtos chineses, acumulando medidas sobrepostas às de governos anteriores. Ele justificou a primeira rodada, de 20%, com base na entrada ilegal de fentanil nos EUA e, em seguida, acrescentou mais 125% em nome da correção de desequilíbrios comerciais.
Pequim reagiu com tarifas de 125% sobre produtos americanos e adotou outras medidas retaliatórias, como a suspensão de importações de aviões da Boeing e a não renovação de licenças para a maior parte dos exportadores de carne bovina dos Estados Unidos desde março.
Apesar do clima hostil, a China surpreendeu ao registrar crescimento de 5,4% no primeiro trimestre, superando as expectativas. O dirigente do Escritório Nacional de Estatísticas, Sheng Laiyun, reconheceu a pressão sobre o comércio, mas reafirmou a confiança do governo na resistência econômica do país diante dos desafios internacionais.
Em sinal de possível distensão, os EUA isentaram de tarifas mais recentes alguns itens estratégicos como semicondutores, smartphones e computadores, produtos nos quais a China tem grande participação na produção global.
A Casa Branca, no entanto, mantém sua postura firme e declarou, por meio da porta-voz Karoline Leavitt, que a responsabilidade pela redução das tensões está agora com a China.
\"A bola está no campo da China. A China que precisa de um acordo com os Estados Unidos e não o contrário\", afirmou Trump, segundo nota oficial.
Enquanto isso, outras nações afetadas pela política tarifária americana, como Japão, União Europeia e Canadá, buscam negociações. O Japão iniciou conversas em Washington nesta quarta-feira, na tentativa de evitar a imposição de tarifas. A Honda, por sua vez, anunciou a mudança da produção de modelos híbridos para os EUA, numa resposta ao novo cenário.
A estratégia de Trump de atrair a produção industrial para solo americano também impacta setores como aço, alumínio, automóveis, e pode se estender a semicondutores, produtos farmacêuticos e minerais críticos. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, declarou que o bloco europeu está preparado para lidar com futuras negociações, reforçando a postura de que “sabem o que querem e onde querem chegar”.