Ex-primeira-dama do Peru chega ao Brasil após condenação por lavagem de dinheiro
Nadine Heredia desembarca em Brasília com o filho após receber salvo-conduto da presidente peruana; marido, ex-presidente Humala, foi preso em Lima
Por Plox
16/04/2025 10h56 - Atualizado há 12 dias
Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, chegou ao Brasil nesta quarta-feira (16), um dia após ter sido condenada a 15 anos de prisão por lavagem de dinheiro. A decisão judicial, que também implicou seu marido, o ex-presidente Ollanta Humala, motivou a ida de Heredia à embaixada brasileira em Lima, onde ela solicitou asilo para evitar a prisão.

Poucas horas depois do pedido, a presidente do Peru, Dina Boluarte, autorizou um salvo-conduto permitindo que Nadine deixasse o país ao lado do filho, menor de idade. Enquanto ela embarcava rumo ao Brasil, Humala, de 62 anos, optou por permanecer em território peruano e acabou sendo detido pela polícia.
O casal foi sentenciado por envolvimento em um esquema de recebimento de propinas da empreiteira brasileira Odebrecht – atualmente chamada Novonor – e também de valores repassados pelo governo da Venezuela, durante as campanhas eleitorais de 2006 e 2011. O Ministério Público peruano acusou o ex-presidente de ocultar cerca de US$ 3 milhões da Odebrecht usados para custear a campanha presidencial de 2011. Na eleição anterior, de 2006, os dois teriam desviado US$ 200 mil enviados por Hugo Chávez.
O dinheiro venezuelano, segundo a promotoria, foi transferido por meio da empresa de investimentos Kayzamak
. A defesa de Humala anunciou que recorrerá da decisão judicial. Heredia também é acusada de usar os recursos ilegais na compra de imóveis, ocultando a origem dos fundos.
A condenação marca mais um capítulo do escândalo de corrupção envolvendo a Odebrecht, que abalou a política peruana. Humala é agora o segundo ex-presidente do país sentenciado por crimes ligados à construtora. Alejandro Toledo, que governou o Peru entre 2001 e 2006, foi condenado a mais de 20 anos por aceitar subornos da empresa. Já Pedro Pablo Kuczynski cumpre prisão domiciliar por concessão irregular de contratos quando era ministro de Toledo. Alan García, presidente em dois mandatos, morreu em 2019 após saber que seria preso pelo mesmo caso.
A Odebrecht admitiu em 2016 ter pago cerca de US$ 788 milhões em propinas para obter contratos públicos em diversos países da América Latina. No Peru, os escândalos também levaram à queda de Alberto Fujimori, destituído em 2000 por incapacidade moral após renunciar do Japão. Extraditado anos depois, foi condenado por corrupção e crimes contra a humanidade. Libertado em 2023 por razões médicas, morreu no ano seguinte. Sua filha, Keiko Fujimori, cumpriu 15 meses de prisão preventiva entre 2018 e 2020, também por conexões com a Odebrecht.