Novo aumento do diesel comprova tendência de preços variáveis em 2022, diz executivo

Executivo do setor de combustíveis acredita que indefinição na guerra da Ucrânia, alta do dólar e ano de eleições podem ocasionar em novos aumentos nos próximos meses

Por Plox

16/05/2022 11h41 - Atualizado há quase 2 anos

Após 60 dias, a Petrobras anunciou, na última segunda-feira, 09, um novo aumento de 8,87% no preço do diesel para as distribuidoras. Com esse repasse, o preço do diesel nos postos brasileiros subiu 3,2% na última semana, atingindo um novo recorde desde 2004, quando a pesquisa semanal de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis) começou a ser realizada.

Essa sequência de aumentos e instabilidade nos preços é resultado de uma série de desdobramentos mundiais que incluem a alta do dólar e a guerra na Ucrânia e internos, com a política de preços da Petrobras, que segue os valores do mercado externo. De acordo com Ricardo Lerner, executivo do setor de logística de combustíveis, “os consecutivos aumentos nos preços dos combustíveis demonstram que a Petrobras vem seguindo as diretrizes da sua nova política de preço, alinhada com a variação no mercado externo. O que não vem ocorrendo é o acompanhamento integral a essas variações, tendo em vista que a Petrobras não tem repassado na integralidade as variações do mercado internacional”.

Foto: Divulgação/ Canva

 

Segundo a pesquisa da ANP, o preço médio do diesel atingiu R$ 6,847 por litro, valor que ultrapassa em 2,9% o recorde anterior atingido na semana de 19 de março, após os grandes aumentos realizados pela Petrobras. Em 12 estados, o preço médio do combustível já passa de R$ 7 por litro. A média estadual mais alta foi verificada no Acre: R$ 8,067 por litro.

“Enquanto o real estiver desvalorizado comparado ao dólar, os aumentos continuarão acontecendo acima da inflação. Nesse momento, é muito difícil fazer qualquer previsão de quando teremos uma maior estabilidade. Isso acontece porque com a política de preços da Petrobras, o preço interno varia de acordo com o mercado externo, que é impactado pelo preço do dólar e barril do petróleo. Tendo em vista a longevidade da guerra na Ucrânia e o ano de eleições no Brasil, tanto dólar quanto petróleo devem continuar com variações frequentes”, analisa, Ricardo.

Nessa constante, o mundo empresarial e principalmente o transporte rodoviário de cargas começam a analisar alternativas quanto a utilização dos combustíveis fósseis. Ricardo acredita que ainda é muito cedo para se falar em eletrificação da frota no Brasil, mas vê que essa é uma possibilidade real a longo prazo.

“Seja pelos altos custos para se obter um veículo elétrico ou pela indefinição quanto a matriz energética nacional, vejo que ainda estamos longe da substituição efetiva dos combustíveis como conhecemos. Porém, certamente a escalada no preço dos combustíveis fósseis fazem com que empresas acelerem a visão para o mercado alternativo de abastecimento, seja veículos elétricos ou híbridos”, finaliza o executivo.

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