Base do governo muda de posição e apoia CPMI do INSS para tentar envolver Bolsonaro
Temendo desgaste e pressão do STF, governistas se somam à oposição para investigar fraude bilionária no INSS iniciada ainda na gestão anterior
Por Plox
16/05/2025 10h36 - Atualizado há 1 dia
Integrantes da base governista no Congresso Nacional, que até então demonstravam resistência, decidiram aderir à criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O recuo ocorreu diante da possibilidade de o Supremo Tribunal Federal (STF) intervir, como já fez no caso da CPI da Covid-19, obrigando a instalação da comissão. Além disso, há o receio de que a investigação fique inteiramente nas mãos da oposição, o que poderia acentuar ainda mais os desgastes da imagem do governo atual.
A nova estratégia da base governista é se posicionar ativamente dentro da CPMI e tentar responsabilizar o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo escândalo. Entre os alvos citados nos bastidores está o atual líder do PL no Senado, Rogério Marinho, que foi secretário de Previdência e Trabalho entre janeiro de 2019 e fevereiro de 2020.
Segundo investigações da Polícia Federal, a fraude que gerou um rombo de R$ 6,3 bilhões no INSS, com descontos associativos indevidos nos benefícios de aposentados, teve início ainda em 2019, durante a administração de Bolsonaro, e se estendeu até 2024, no segundo ano do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Nos bastidores, discute-se para que a relatoria da CPMI seja assumida por alguém alinhado ao governo, sendo a deputada Tabata Amaral (PSB-SP) um dos nomes cogitados. A parlamentar, no entanto, afirmou que ainda não recebeu convite e que seu partido não foi procurado oficialmente sobre o tema.
O senador Rogério Carvalho (PT-SE), líder do PT no Senado, anunciou na quinta-feira (15) que a bancada petista irá assinar o requerimento de criação da CPMI. Já o senador Fabiano Contarato (PT-ES), ex-líder da bancada, foi o primeiro do partido a apoiar o pedido da oposição.
“Se mudar o fato determinado dessa CPI, para não ser um palanque político de um lado, o PT vai assinar, sim, essa CPI, e nós vamos investigar, olhando, na linha do tempo, todos os fatos e todas as pessoas”, declarou Carvalho durante uma audiência no Senado.
Na mesma audiência, o ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, também declarou apoio pessoal à CPMI, afirmando que o governo federal “não tem medo” da investigação.
As CPIs mistas têm a participação de deputados e senadores, podendo investigar paralelamente às instituições oficiais, como a Polícia Federal, e indicar possíveis responsáveis por práticas criminosas, embora não tenham poder de julgamento.
Para que os trabalhos comecem, é necessário que o presidente do Congresso Nacional, senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), autorize a instalação após o requerimento ser protocolado. Caso ele não o faça, a oposição já avalia acionar o STF, usando como precedente a decisão de 2021 que obrigou a instalação da CPI da Covid, com base na Constituição, que exige a criação de comissões quando houver um terço das assinaturas, fato determinado e prazo definido para os trabalhos.
Com o avanço das articulações políticas e o temor de novos desgastes, a CPMI do INSS caminha para ser mais um embate direto entre governo e oposição, desta vez com papéis invertidos em parte dos seus protagonistas.