A aproximação do inverno, mesmo antes de sua chegada oficial em 20 de junho, já tem causado impactos graves em Minas Gerais. As temperaturas mais baixas desde o fim de abril contribuíram para um aumento expressivo de casos de doenças respiratórias, levando o Estado a registrar, até o dia 7 de maio, 29.723 internações por enfermidades como pneumonia, gripe, Covid-19 e sinusite.
Foto:: Rovena Rosa / Agência Brasil Diante da crescente sobrecarga no Sistema Único de Saúde (SUS), o governador Romeu Zema (Novo) decretou situação de emergência em saúde pública por 180 dias. A decisão, publicada em edição extra do jornal “Minas Gerais” no dia 2 de maio, veio após Belo Horizonte e as cidades de Contagem, Betim e Santa Luzia também declararem estado de emergência.
A situação é particularmente grave entre idosos. Em 2024, o número de mortes por gripe em Minas Gerais subiu 375% em relação ao ano anterior. Em Belo Horizonte, a alta foi ainda maior: 450%. No Brasil, o crescimento foi de 179%. Esses dados refletem a baixa adesão da população à vacinação contra a gripe.
Em BH, por exemplo, a taxa de imunização estava em apenas 35,9% no último levantamento, muito aquém da meta de 90%. A letalidade entre os idosos hospitalizados por gripe passou de 23,1% em 2023 para 24,1% em 2024. Segundo o gerente de Vigilância Epidemiológica da capital mineira, Hoberdan Oliveira Pereira, as condições climáticas e a vacinação insuficiente contribuem diretamente para esse cenário alarmante.
Casos como o de Efigênia, de 68 anos, ilustram as consequências da baixa cobertura vacinal. Viúva, ativa e com boa saúde, a idosa morava com a filha Alexandra Aguiar, de 49 anos, em Itaguara. Apesar de costumeiramente se vacinar, acabou deixando de receber o imunizante contra a gripe. Em março de 2024, contraiu a doença, que evoluiu para pneumonia. Mesmo sendo resistente e pouco reclamando, Efigênia não resistiu. "A gente deveria ter insistido mais", lamenta a filha.
As autoridades de saúde também se preocupam com o impacto nas crianças. Na região metropolitana de BH, uma menina de apenas um ano morreu enquanto esperava por um leito hospitalar. O governador Romeu Zema reconheceu que o Estado enfrenta um surto.
Especialistas como os médicos Unaí Tupinambás e Maria Rita Rassi apontam a desinformação como uma das grandes barreiras à vacinação. Para eles, é essencial intensificar campanhas educativas, facilitar o acesso aos imunizantes e combater as fake news sobre segurança e eficácia das vacinas.
A campanha de vacinação contra a gripe foi ampliada para toda a população em Minas, com exceção de Santa Luzia. Ainda assim, os índices seguem preocupantes. O inverno se aproxima e, com ele, o risco de novos óbitos aumenta, especialmente entre os mais vulneráveis.
