Moradores protestam contra má qualidade e falta de água em Santana do Paraíso

Audiência pública revela desabastecimento diário e consumo de água contaminada no distrito de Ipabinha; Copasa contesta denúncias

Por Plox

16/05/2025 15h36 - Atualizado há 2 dias

Mais da metade da população de Santana do Paraíso, no Vale do Aço, tem convivido com a falta de água diariamente. A situação, agravada pela má qualidade da água fornecida no distrito de Ipabinha, foi tema central de uma audiência pública realizada nesta quinta-feira (16), pela Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), no próprio município.


Imagem Foto: Guilherme Bergamini


Com cerca de 50 mil habitantes, a cidade enfrenta um cenário preocupante, segundo os relatos apresentados por vereadores e moradores. O vereador Alessandro Fábio afirmou que os bairros mais afetados são a região Central, Cidade Nova e Parque Caravela. Nestes locais, o abastecimento é feito, muitas vezes, por caminhões-pipa.
“A maioria dos moradores hoje não paga a água, paga o ar”, denunciou o vereador, referindo-se à entrada excessiva de ar nas canalizações, o que ele afirma inflar o valor das contas.

Imagem Foto: Guilherme Bergamini


A situação do serviço prestado pela Copasa, concessionária responsável pelo abastecimento, também foi alvo de críticas do vereador Marcelo da Cláudia Laje (MDB). Ele reclamou da precariedade histórica do serviço e também do sistema de esgoto, que em muitos pontos da cidade ainda corre a céu aberto.


Imagem Foto: Guilherme Bergamini


O presidente da Comissão, deputado Adriano Alvarenga (PP), autor do requerimento da audiência, manifestou apoio às reivindicações e afirmou que vai apresentar as denúncias diretamente ao presidente da Copasa em reunião marcada para o dia 21 de maio.
“Não é aceitável esgoto a céu aberto em pleno século XXI”, destacou o parlamentar.

Imagem Foto: Guilherme Bergamini


No distrito de Ipabinha, com cerca de 3 mil moradores, a situação é ainda mais crítica. A moradora Neuza Batista relatou que o poço artesiano utilizado pela Copasa fica a cerca de 50 metros do Rio Doce, que ainda sofre com os rejeitos do rompimento da barragem de Mariana, ocorrido em 2015. Durante enchentes, o poço é encoberto pelo barro, contaminando ainda mais a água fornecida.


Imagem Foto: Guilherme Bergamini


O vereador Rodrigo Índio (PP) levou à audiência uma garrafa com a água barrenta utilizada pela comunidade. Segundo ele, a maioria dos moradores recorre à compra de água mineral para consumo, mas muitos, por falta de recursos, acabam bebendo a água contaminada, filtrada em casa. “Desde o rompimento da barragem em Mariana, a gente vem sofrendo com essa água”, lamentou.


Imagem Foto: Guilherme Bergamini


Thiago Giselito, gerente regional da Copasa, contestou as críticas e afirmou que há 15 dias não há interrupções no fornecimento. Ele declarou que os problemas são pontuais e que a concessionária está investindo na instalação de novos reservatórios e equipamentos para regularizar o abastecimento. De acordo com o representante, já foram aplicados R$ 40 milhões em obras de esgotamento sanitário, com a meta de alcançar a universalização ainda este ano.


Imagem Foto: Guilherme Bergamini


Giselito também se comprometeu a visitar o distrito de Ipabinha para avaliar pessoalmente a situação da água fornecida e buscar soluções para o problema enfrentado pela comunidade.


A audiência expôs um cenário grave, evidenciando que, mesmo passados dez anos do desastre ambiental de Mariana, comunidades ribeirinhas como a de Ipabinha seguem enfrentando os impactos diretos da contaminação e da negligência estrutural.


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