Mortes por gripe entre idosos disparam e Minas declara emergência em saúde

Estado registra aumento de 375% nos óbitos por gripe em idosos e enfrenta colapso nos atendimentos por doenças respiratórias

Por Plox

16/05/2025 09h03 - Atualizado há 1 dia

Mesmo antes da chegada oficial do inverno, prevista para 20 de junho, o frio já vem trazendo consequências preocupantes para a saúde pública em Minas Gerais. Desde o final de abril, diversas cidades enfrentam uma onda de síndromes respiratórias, que levou o governo estadual a decretar situação de emergência em saúde pública por 180 dias.


Imagem Foto: Pixabay


Entre o início do ano e o dia 7 de maio, o Estado contabilizou 29.723 internações por doenças como gripe, pneumonia, sinusite e Covid-19. Diante do aumento expressivo dos casos e da sobrecarga nos serviços de saúde, Belo Horizonte e cidades da região metropolitana, como Betim, Contagem e Santa Luzia, também adotaram medidas emergenciais.



A gravidade da situação se reflete no número de mortes por gripe entre os idosos. Em todo o Estado, o crescimento foi de 375% de 2023 para 2024. Em Belo Horizonte, o salto foi ainda mais drástico: 450%. Em 2023, quatro idosos morreram após internação por gripe; em 2024, esse número subiu para 22. A taxa de letalidade também aumentou, passando de 23,1% para 24,1% nesse mesmo intervalo.



“Podemos associar esse aumento, realmente significativo, às coberturas vacinais. Ou seja, a gente precisa reforçar que a população se vacine, pois a gripe é uma doença prevenível e tem vacina”,

destacou Hoberdan Oliveira Pereira, gerente de Vigilância Epidemiológica da capital mineira. A baixa adesão à Campanha Nacional de Vacinação é uma das principais razões apontadas pelos especialistas para a crise. A taxa de imunização estava em apenas 35,9% até 12 de maio, muito abaixo da meta de 90%.

Além da baixa cobertura vacinal, cepas mais agressivas do vírus influenza também estão contribuindo para o aumento dos casos graves. A médica Maria Rita Rassi, professora da Faseh, reforça a necessidade de campanhas mais eficazes e ampliação do acesso às vacinas. A especialista também defende ações contra a desinformação, apontada como causa da hesitação de muitos em se imunizar.


A dor provocada pela gripe não se resume a números. Em Itaguara, na região metropolitana de Belo Horizonte, a atendente de padaria Alexandra Aguiar, de 49 anos, relata o luto pela perda da mãe, Efigênia, de 68 anos. Viúva e aposentada, a idosa morava com a filha, era saudável e costumava cuidar da casa e da horta. Porém, deixou de tomar a vacina contra a gripe e acabou adoecendo em março de 2024. A gripe evoluiu para pneumonia, e ela não resistiu.



“A gente vai lamentar isto para sempre. Deveríamos ter pegado na mão dela e a levado ao posto para receber a vacina”

, lamentou Alexandra. A história de Efigênia se soma à de tantas outras vítimas da doença.

O governador Romeu Zema reconheceu que o Estado vive um verdadeiro surto. A pressão sobre o sistema de saúde é tamanha que, nos últimos dias, a região metropolitana de BH registrou a morte de uma menina de apenas 1 ano, que aguardava por um leito hospitalar.


Enquanto isso, o debate sobre a vacinação em escolas, proposta por especialistas para ampliar a cobertura, ainda não teve resposta oficial por parte do governo estadual.


A rede do SUS está operando no limite em diversas cidades, e a ampliação da vacinação para toda a população — com exceção de Santa Luzia — foi uma das principais medidas emergenciais anunciadas para conter o avanço das doenças respiratórias.



O cenário continua a exigir atenção das autoridades e colaboração da população. A gripe é uma doença séria, especialmente para os mais velhos, mas pode ser evitada com atitudes simples — como a vacinação em dia.


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