Surto de gripe aviária atinge zoológico no RS e mata cerca de 90 aves
Confirmação de novos focos em Sapucaia do Sul e Montenegro leva ao fechamento de zoológico e suspensão de exportações
Por Plox
16/05/2025 16h09 - Atualizado há 1 dia
Um surto de gripe aviária resultou na morte de aproximadamente 90 aves no Parque Zoológico de Sapucaia do Sul, a 34 km de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A informação foi confirmada pela Secretaria da Agricultura do estado em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (16).

Entre os animais mortos estão cisnes e patos, cujos óbitos começaram a ser registrados na última quarta-feira (14). Na ocasião, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema) já havia contabilizado a morte de 38 cisnes de diferentes espécies, além de patos. Diante da situação, cerca de 500 aves aquáticas foram colocadas em isolamento, e o zoológico foi fechado para visitação, sem previsão de reabertura.
Este é o segundo foco ativo da doença identificado no estado. O primeiro foi confirmado em uma granja de avicultura comercial no município de Montenegro, a 50 km de Sapucaia do Sul. A propriedade, voltada à reprodução animal, registrou 35 aves contaminadas pelo vírus H5N1 da influenza aviária de alta patogenicidade. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), trata-se do primeiro caso do tipo em um sistema comercial no país.
Diante da gravidade da situação, o ministro Carlos Fávaro decretou emergência zoossanitária por 60 dias no município de Montenegro. A medida cobre um raio de 10 quilômetros em torno da granja afetada, com ações de contenção e controle.
Além das medidas sanitárias, o impacto já atinge a economia. A China e a União Europeia suspenderam as importações de carne de frango brasileira por 60 dias, conforme confirmado pelo ministro em entrevistas às emissoras TV Centro América e Globonews. A suspensão faz parte de cláusulas contratuais firmadas com o Brasil, que prevêem esse tipo de ação preventiva em casos de gripe aviária.
Outros países, como Argentina, Reino Unido, Japão, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, também devem aplicar restrições à carne de frango vinda do Rio Grande do Sul.
A gripe aviária H5N1, variante da influenza comum, é altamente letal em aves, especialmente em ambientes como granjas, onde a proximidade facilita a disseminação. No Brasil, registros da doença em animais silvestres remontam a 2023. Embora o consumo de carne de frango e ovos continue seguro, o contágio em humanos, embora raro, pode ocorrer por contato direto com animais vivos contaminados ou seus ambientes.
O vírus, conhecido desde 1996, já infectou gansos, leões marinhos e, recentemente, até bovinos nos Estados Unidos, com transmissão a humanos nesses casos. A situação nos EUA é vista como um alerta, onde o vírus se espalhou amplamente, afetando até o sistema de distribuição de água.
Para conter o avanço no Brasil, o Mapa está promovendo o rastreio da produção na região afetada e realizando o recolhimento imediato das carcaças dos animais mortos no zoológico de Sapucaia do Sul.
O cenário preocupa não apenas pela saúde animal, mas também pelos possíveis reflexos no mercado e na cadeia produtiva, como já se observou nos Estados Unidos, onde mais de 120 milhões de aves foram sacrificadas, resultando em alta no preço dos ovos.