Contaminada que venceu coronavírus fala ao PLOX sobre preconceito vivido

O PLOX entrevistou uma moradora de Coronel Fabriciano que venceu a COVID-19

Por Plox

16/06/2020 17h04 - Atualizado há mais de 4 anos

A pandemia causada pelo novo coronavírus vêm gerando diferentes reações nas pessoas. Se por um lado, o medo e a visão de uma vida frágil podem fazer com que a pessoa mude a forma de enxergar a vida, a desinformação e o preconceito podem fazer com que outras tenham atitudes negativas. 

O PLOX entrevistou uma moradora de Coronel Fabriciano-MG que testou positivo para o vírus e venceu a doença. A entrevistada terá a identidade preservada por motivos de privacidade e pelos motivos que serão retratados nesta reportagem.

A entrevistada tem 40 anos e trabalha em uma rede hospitalar da região. Ela deixou o isolamento na última sexta-feira (12), após o encerramento do período de quarentena. A entrevistada destacou que foi acompanhada todos os dias pela rede onde trabalha.

Ela relatou ao PLOX que pensou que não seria infectada pelo vírus, pois se protegia, mas que ficava nervosa por ver pessoas o tempo toda com os sintomas. 

“Todas minhas amigas deram negativo. Comecei com uma tosse seca e um pouco ofegante”, contou a entrevistada. Sobre os sintomas que mais a incomodava, a entrevistada disse ter sido a perda do paladar e olfato, sintoma comum em pacientes que contraíram o vírus. 

“Você tem sintomas de gripe mas não está gripada. Você se sente com febre, com frio, e quando vai medir está com 36º”, disse a entrevista. Ela também relatou ter apresentado rash cutâneo, que são lesões avermelhadas na pele, semelhante ao sarampo. Apesar de não ser comum, há vários relatos de pessoas que apresentaram o sintoma após contraírem o vírus pelo mundo, principalmente na Itália.

Assim como a moradora de Ipatinga-MG entrevistada pelo PLOX, ela também disse que só recebeu a ligação da vigilância epidemiológica do município no término do período de quarentena, no penúltimo dia. 

A entrevistada relatou que seus dois filhos estavam com o pai e que não apresentaram sintomas. 

“Quando recebi a notícia foi como um balde de água fria. Pensei logo nas pessoas que têm diagnósticos de doenças mais sérias e isso me tranquilizou. Para eu não pirar eu sempre pensava nas pessoas que estavam morrendo e eu estava pelo menos sem problema pulmonar. Mas o isolamento não é pra qualquer um não. Nem fui nos meus pais, são idosos. Meu pai morre de medo”, contou a entrevistada ao PLOX.

103659219 748751165863758 686046762280580325 n Foto: Arquivo pessoal

 

Diagnóstico

A entrevistada relatou à reportagem que realizou o teste RT-qPCR três dias após sentir o primeiro sintoma. Depois de ter a amostra coletada, ela foi informada do resultado positivo dois dias depois. 

“O mais difícil era ficar sozinha. Deitada eu estava ótima, ia tomar café e não aguentava ficar muito tempo, sentia muita fraqueza. Aí perdi o apetite e o gosto de tudo, e precisava comer para aumentar  a imunidade”, disse a entrevistada. 

Preconceito 

A entrevistada contou que inicialmente não falaria no condomínio onde mora que estava com a doença, mas que batiam em sua porta pedindo para que ela tirasse o carro para a limpeza. 

“Eu falei baixo: não posso tirar meu carro, estou em isolamento COVID positivo. A mulher gritou ‘Deus tem misericórdia’ e desligou. Eles jogaram água sanitária até na minha porta. Colocaram álcool nos andares, o corrimão acho que até sumiu”, contou a entrevistada. 

A falta de informações sobre a doença faz com que as pessoas tomem atitudes diversas em relação aos contaminados e também aos curados. Se o período em que a pessoa está contaminada pode ser difícil, o “pós-vírus” pode ser igualmente duro.

Menosprezo ao vírus 

A entrevistada falou com a reportagem sobre o que pensa sobre aqueles que menosprezam a força do vírus ou até mesmo que negam a existência dele. 

“Acho ignorância extrema. Até um da família ter, são os que estão sem máscara o tempo todo. Eu sempre falei: gente se cuida, não é brincadeira! Eu via todos os dias no computador COVID positivo, e o povo nas ruas. Não é brincadeira! Iam na recepção sem máscara dentro do hospital até que se tornou obrigatório. Tem que obrigar? Tem que oprimir? É muita ignorância pelo amor de Deus”, disse a entrevistada.

Como informado no início da matéria, a entrevistada deixou o isolamento na última sexta-feira. Ela disse que está bem e não sente mais nenhum sintoma. 

Destaques