Inverno aumenta o risco de transmissão da Covid-19; infectologista de Ipatinga explica

Cuidados devem ser redobrados mesmo para quem já vacinou

Por Alexsander Brandão

16/06/2021 17h44 - Atualizado há quase 4 anos

O período de inverno que se inicia no próximo dia 21 é motivo de preocupação com a transmissão de doenças respiratórias, principalmente em período de pandemia, onde o vírus da Covid-19 se transmite de forma fácil. A reportagem do Plox conversou com uma médica infectologista, que explicou a situação do município diante da pandemia.

De acordo com Carmelinda Lobato, o município de Ipatinga, em Minas Gerais, segue com uma estabilidade boa de infectados pelo novo Coronavírus. A especialista alerta para a facilidade da transmissão do vírus no período de inverno. “[...] Estamos avançando na questão da vacinação e levando em consideração que a população precisa entender que as medidas preventivas, como uso de máscara, distanciamento, evitar aglomeração, precisam continuar e, principalmente, nesse período de inverno, que é quando pode ocorrer o aumento da transmissão de vírus respiratório, como é o caso do SARS-CoV-2 (Coronavírus)”, afirmou.

“As pessoas precisam ficar atentas que a pandemia não acabou, que está estabilizada, podemos até ter um aumento de casos confirmados durante o inverno, mas em virtude da vacinação, a gente não acredita que vai ter um 'bum' de casos graves tão grande quando teve na onda de março e abril. Então, não vamos ter colapso nos serviços de saúde. Mas, reforço que as condutas importantes sejam seguidas por todos”, complementou.

Carmelinda enfatizou que pessoas que já se infectaram com o vírus devem continuar mantendo os cuidados, pois é comprovada a possibilidade de reinfecção. “A reinfecção realmente pode acontecer e acontece após o intervalo de 90 dias do contágio anterior. A pessoa que já foi contaminada pelo coronavírus deve continuar com as medidas preventivas, inclusive deve se vacinar, porque o risco de contaminação segue”.

Médica infectologista Carmelinda Lobato

 

A médica afirma que o município passa por um momento da pandemia mais tranquilo do que no mesmo período do ano passado, explica os possíveis motivos dos números elevados em meses anteriores e alerta a população sobre os cuidados. “O nosso momento agora em junho é muito melhor do que estávamos passando em dezembro, porque o avanço da vacinação gera em uma diminuição de internações, menos casos graves e consequentemente menos óbitos decorrentes da doença. Em dezembro infelizmente tivemos muitos casos confirmados, que começaram a acontecer principalmente por causa das aglomerações das eleições municipais, e nós não tínhamos a vacina ainda disponível para uma boa parte da população e nossos idosos não estavam vacinados. Então, hoje já observamos uma situação mais confortável”, finalizou.

Carmelinda Lobato explicou que os imunizantes não oferecem 100% de imunização e disse que mesmo as pessoas vacinadas devem continuar se prevenindo, principalmente em locais fechados, evitando aglomeração e contato com pessoas infectadas. Por não ter uma imunidade total ao vírus, existe o risco, mesmo após vacinada, da pessoa evoluir de forma grave.

Passado um ano e três meses que o município de Ipatinga, na região do Vale do Aço, decretou estado de calamidade pública devido à pandemia de Covid-19, a reportagem do Plox fez um balanço do período pandêmico em que a cidade ainda enfrenta.

O primeiro caso de Coronavírus confirmado em Ipatinga foi no dia 12 de março de 2020. Exames realizados por laboratórios especializados confirmaram a infecção em uma mulher de 38 anos que, na época, chegou de uma excursão em Israel. A paciente contaminada apresentava dor de garganta, febre, coriza e tosse. Ela cumpriu o tempo de quarentena recomendado pelas autoridades sanitárias e, após não registrar mais nenhum sintoma, foi liberada para retornar novamente ao convívio comunitário.

Outras nove pessoas em situação suspeita, sendo sete delas que estiveram na mesma excursão, foram mantidas por 14 dias em isolamento domiciliar. Logo após o período de transmissibilidade do vírus, elas foram liberadas.

A confirmação gerou um alarde na população que já estava aflita acompanhando os casos da doença no exterior e em outras cidades brasileiras. Logo que foram divulgados os primeiros casos na cidade, as pessoas correram até os supermercados, farmácias e postos de gasolina com receio de um possível lockdown. Álcool em gel foi um dos produtos mais vendidos, chegando a ficar escasso em alguns estabelecimentos comerciais.

Rogério Uchôa/Agência Pará

 

Em abril de 2020, o município alcançou a marca de 18 confirmados, tendo 1472 casos suspeitos. O primeiro óbito decorrente da doença foi registrado no dia 25 de maio do ano passado e tratava-se de um homem de 70 anos, morador do bairro Esperança, que estava internado no Hospital Municipal Eliane Martins há 14 dias.

O paciente deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA), no bairro Canaã, no dia 10 de maio, relatando que por oito dias já apresentava tosse seca e febre. No dia seguinte, ao atendimento na UPA, ele foi transferido para o Hospital Municipal, onde passou a ser assistido em leito de Enfermaria Covid-19. No dia 11 de maio, o paciente foi submetido ao teste RT-PCR, sendo que em 15 de maio o quadro clínico se agravou, requerendo a transferência para um leito de UTI Covid-19. O diagnóstico conclusivo para Covid-19, a partir do material coletado, foi recebido no dia 16 de maio.

Por algumas vezes desde o início da pandemia, o município atingiu a ocupação total dos leitos de UTI Covid SUS. No final de maio do ano passado, duas pessoas aguardavam na UPA de Ipatinga para serem transferidas para leitos de UTI Covid-19. Já no Hospital Márcio Cunha, no mesmo dia, outras quatro pessoas aguardavam a transferência para a Unidade de Tratamento Intensivo. A última data em que o município teve 100% de ocupação em leitos de UTI Covid SUS foi no dia 13/04 deste ano, quando os 55 leitos estavam ocupados, sendo 39 por pacientes residentes na cidade e 16 por pessoas provenientes de outras cidades da microrregião atendida por Ipatinga.  

Foto: Divulgação PMI
Foto: Divulgação PMI

 

Atualmente, o município conta com 55 leitos de UTI Covid-19 Sus. Nessa terça-feira (15), oito leitos semi-intensivos foram inaugurados e estão disponíveis na UPA. Trinta leitos estão instalados no Hospital Municipal Eliane Martins (HMEM) e no Hospital de Campanha, e os outros 25 estão no Hospital Márcio Cunha (HMC). No boletim epidemiológico de ontem, o município estava com 81% de ocupação dos leitos de UTI Covid SUS. Ao todo, 30.070 pessoas já tiveram a confirmação de infecção da doença, sendo que 29.159 tiveram registros de recuperados. Já foram confirmados 769 óbitos.

A Prefeitura de Ipatinga iniciou nessa quarta-feira (16) a vacinação de pessoas de 55 a 58 anos sem comorbidade. De acordo com o boletim, ao todo, 60.408 pessoas já foram vacinadas com a primeira dose e 28.019 já receberam a segunda dose do imunizante.
 

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