Deputado é alvo de investigação por esquema milionário suspeito de compra de votos

Antonio Doido, do MDB-PA, é apontado por PF e PGR como líder de rede que movimentou quase R$ 49 milhões em espécie

Por Plox

16/06/2025 10h49 - Atualizado há 1 dia

As suspeitas envolvendo movimentações milionárias em dinheiro vivo colocaram o deputado federal Antonio Doido (MDB-PA) no centro de uma investigação da Polícia Federal. A apuração, que teve início com apreensões significativas de valores em agências bancárias no Pará, agora se volta à possível atuação do parlamentar na coordenação de um esquema de compra de votos durante as eleições de 2024.


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A Procuradoria-Geral da República (PGR), com base em informações da PF, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a unificação de dois episódios investigados: em outubro de 2024, o policial militar Francisco de Assis Galhardo do Vale foi preso ao sacar R$ 5 milhões em Castanhal; já em janeiro de 2025, R$ 1,1 milhão foram apreendidos com Jacob Serruya Neto, então assessor do deputado.



Segundo a PGR, os dados obtidos indicam um “sofisticado mecanismo de lavagem de dinheiro”, com recursos provenientes de contratos públicos e, posteriormente, utilizados de maneira ilícita. O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) contribuiu com informações que reforçaram a suspeita de que os saques seriam parte de uma engrenagem bem estruturada.


Conversas extraídas do celular de Francisco Galhardo revelam trocas de mensagens que envolvem diretamente o deputado. Em uma delas, no dia do saque de R$ 5 milhões, um homem chamado Geremias pergunta: “Seu Antônio mandou pegar um dinheiro contigo em Castanhal ai. É.. que horas eu posso te encontrar?”. Posteriormente, o PM confirma com o deputado o valor da entrega: “Entregar quanto para o neguinho?”, recebendo como resposta: “380k”.



Durante a ação, a PF apreendeu cerca de R$ 4,6 milhões com um homem dentro da agência e mais R$ 380 mil em um carro onde estavam Geremias e Francisco Galhardo, totalizando os R$ 5 milhões mencionados na comunicação.


Entre março de 2023 e outubro de 2024, Francisco Galhardo teria feito ao menos 15 saques que somam R$ 48,8 milhões, concentrados nas cidades de São Miguel do Guamá e Castanhal. Apenas entre junho e outubro de 2024, em plena pré-campanha, foram R$ 26 milhões. A PGR afirma que parte dos recursos tem origem em uma empresa em nome da esposa de Antonio Doido.



Diante da gravidade dos fatos, a PGR também pediu ao STF a ampliação do escopo da investigação, que antes tratava apenas da compra de votos, para incluir possíveis crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. A defesa do deputado, em nota, criticou o “vazamento de informações sigilosas” e declarou que ele “já se colocou à disposição das autoridades para prestar os esclarecimentos solicitados”.


“Todos os questionamentos são fruto de ilações e já foram devidamente esclarecidos nos autos”

, informou a equipe jurídica de Antonio Doido.
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