Durante um seminário realizado na sede da Fiesp, em São Paulo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, anunciou que o governo pretende propor, na próxima reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), o aumento da proporção de etanol na gasolina de 27% para 30%.
Foto: Divulgação Silveira destacou que a medida permitirá que o Brasil praticamente deixe de importar gasolina. A proposta faz parte de um conjunto de ações planejadas para ampliar a contribuição da Petrobras ao país, embora o ministro negue qualquer tipo de intervenção na estatal. Ele argumenta que, se houvesse interferência, a empresa não continuaria tão valorizada.
Além disso, o ministro defendeu mudanças na estrutura corporativa da Petrobras, cobrando redução na reinjeção de gás natural para que o país atinja a média nacional nesse aspecto. Segundo ele, é necessário que a companhia compreenda essa necessidade e atue em prol dessa mudança.
Os estudos que sustentam a viabilidade técnica da elevação do percentual de etanol foram realizados pelo Ministério de Minas e Energia em parceria com o Instituto Mauá de Tecnologia. A proposta surge em um momento de instabilidade nos preços do petróleo, impulsionada pelo conflito entre Israel e Irã, que provocou fortes variações nos valores da commodity nos últimos dias.
Em relação à tarifa de gás, Silveira afirmou que o governo ainda aguarda os resultados de uma nova consulta pública antes de decidir sobre a exclusão do custo de transporte do gás natural dos contratos das termelétricas, o chamado "pass through". O objetivo é que essa definição ocorra ainda este mês, assim como a realização do Leilão de Reserva de Capacidade (LRCAP), inicialmente previsto para 27 de junho, mas adiado por questões judiciais.
Outro tema que deve entrar na pauta da próxima reunião do CNPE é a conclusão da usina nuclear Angra 3. O ministro defendeu a retomada da obra, desde que haja uma reestruturação do setor nuclear. Ele criticou a atual função da Nuclep, que estaria produzindo itens fora do escopo nuclear, e afirmou que o Brasil discutiu a questão com Rússia e França, incluindo a EDF, durante visitas recentes.
Silveira também anunciou que, em outubro, o Estado de Roraima será finalmente interligado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), graças à conclusão das obras do Linhão entre Boa Vista e Manaus, executadas pela Transnorte Energia, controlada pela Alupar e Eletronorte. O projeto deveria ter sido finalizado em 2015, mas enfrentou entraves relacionados a terras indígenas.
Por fim, o ministro declarou que o governo quer convidar a Opep para a COP30, que ocorrerá em Belém, Pará. Ele defendeu a exploração de combustíveis fósseis na foz do Amazonas, criticando a nomenclatura adotada pela ANP para a região. Segundo ele, os combustíveis fósseis ainda são uma fonte essencial para financiar a transição energética, especialmente para países em desenvolvimento.
"A transição precisa ser justa e equilibrada", ressaltou Silveira, destacando que países como a Alemanha, que voltou a usar carvão como principal fonte energética, deveriam arcar com os custos dessa transformação.
