Prefeitura de São João de Meriti paga três aluguéis para mesma farmácia e almoxarifado

Imóveis sem funcionamento comprovado recebem verba pública; um deles pertence a vereador aliado do prefeito e já teve denúncia do MP

Por Plox

16/06/2025 15h59 - Atualizado há 1 dia

A Prefeitura de São João de Meriti, localizada na Baixada Fluminense, tem desembolsado valores de aluguel para três imóveis distintos, todos com o mesmo propósito: servir como sede da farmácia central e do almoxarifado da Secretaria Municipal de Saúde.


Imagem Foto :Reprodução/ TV Globo


Entretanto, moradores da Vila São João relatam desconhecer qualquer unidade farmacêutica em funcionamento na região. Em um dos imóveis, situado na Rua Deputado Flores da Cunha, a cena é de abandono: portões fechados, mato na calçada e quintal sujo. Apesar da ausência de atividade aparente, as notas fiscais demonstram pagamentos desde 2023, no valor mensal de R$ 16.788,00. Com isso, até dezembro, o montante ultrapassará os R$ 200 mil.


Vizinhos afirmam que nunca viram funcionários públicos no local, apenas uma moradora esporádica. As notas fiscais indicam que o imóvel pertence a uma empresa já denunciada pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) por envolvimento em fraude licitatória e dano ao erário. O processo judicial segue em andamento.



Além desse, outros dois imóveis recebem recursos públicos para o mesmo fim. Um deles, cuja localização é dificultada por numeração confusa, também não é reconhecido pelos moradores como sede da farmácia central. Mesmo assim, o aluguel é de R$ 10.342,00 mensais, pagos desde a gestão anterior e mantidos em 2025.


O terceiro endereço, na Avenida Euclides da Cunha, custa R$ 18.805,00 por mês. Segundo um funcionário, ali funciona o almoxarifado da Secretaria de Saúde.



Outro ponto que chama a atenção é que dois dos aluguéis são pagos a Elias Nunes de Queiroz, vereador e líder do governo na Câmara Municipal, do mesmo partido do prefeito Léo Vieira. Sua esposa, Roberta Queiroz, é secretária de Promoção Social. Elias teve mandato cassado anteriormente pelo TSE e voltou à Câmara este ano.


A legislação municipal proíbe vereadores de manter contratos com a administração pública, como ressaltou o advogado especialista em administração pública Victor Aciolly.


Procurado, Elias não foi localizado na Câmara. Seu gabinete estava vazio e não há número de contato disponível.


A Prefeitura afirmou que, após auditoria nos contratos, o prefeito revogou os aluguéis ligados ao vereador e que os valores foram devolvidos. No entanto, a rescisão só foi oficializada em junho.


Em relação ao imóvel alugado de uma empresa de material de construção, a prefeitura declarou que trata-se de uma loja com fachada de concessionária. No entanto, o endereço não confere com o do contrato, e no local indicado funcionam apenas dois veículos da Secretaria de Saúde. O funcionário no local nega vínculo com órgãos públicos.



O ex-prefeito Doutor João alegou que, durante sua gestão, apenas dois imóveis foram alugados: um para farmácia e outro para almoxarifado. Ele afirmou que o terreno baldio mencionado é parte do imóvel da rua de trás. Sobre a farmácia instalada em imóvel com fachada de concessionária, justificou não ter alterado a fachada por razões de segurança, devido ao armazenamento de medicamentos.


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