Aposentada tem descontos misteriosos e família cobra ressarcimento de empresas

Idosa de 71 anos teve valores retirados do benefício por quase dois anos sem autorização; extrato do INSS não mostra mais os lançamentos

Por Plox

16/07/2025 09h05 - Atualizado há 14 dias

Durante quase dois anos, uma idosa de 71 anos, moradora de Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, viu sua aposentadoria ser comprometida por descontos que, segundo sua família, nunca foram autorizados. A denúncia recai sobre duas instituições: a Aspecir, de Porto Alegre, e a Sudacred, de Curitiba.


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Daniela Lopes, técnica em enfermagem de 37 anos e neta da vítima, contou que somente após tomar conhecimento de reportagens recentes relatando casos semelhantes é que a família percebeu que a avó também era uma das afetadas. $&&$“Duas empresas fizeram descontos na pensão da minha avó sem autorização dela. Disseram que ela permitiu, mas minha mãe é analfabeta, não tem noção do que assinou”$, relatou Daniela. Segundo ela, os descontos começaram em 2022 e seguiram até julho de 2024.

As empresas envolvidas se apresentam de formas distintas: a Aspecir afirma operar como uma instituição de previdência complementar, com convênios de consignados junto a órgãos públicos e privados. Já a Sudacred se define como uma sociedade de crédito direto, autorizada pelo Banco Central a conceder empréstimos e prestar serviços financeiros.


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A situação se agravou quando a família, em meio à tentativa de conseguir o ressarcimento, descobriu que os lançamentos referentes aos descontos simplesmente desapareceram do extrato do INSS da aposentada. Felizmente, a família havia impresso e guardado os comprovantes na época dos descontos. $&&$“O mais grave é que o INSS apagou do sistema esses dois descontos. Só conseguimos provar porque tínhamos os documentos guardados”$, lamentou Daniela. Segundo ela, os valores descontados pela Sudacred duraram quatro meses, enquanto os da Aspecir ocorreram de agosto de 2022 até julho de 2024.

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As reclamações contra as duas empresas não são casos isolados. Levantamento feito na plataforma Reclame Aqui mostra quase 300 registros de queixas nos últimos seis meses, sendo a maioria por cobranças indevidas. Um aposentado escreveu: “Desde agosto de 2024, minha conta-corrente vem sofrendo descontos mensais de R$ 79,00 feitos pela Aspecir Previdência, sem que eu tenha feito qualquer solicitação, adesão ou autorização”. Outro reclamante relatou: “Cobranças indevidas na conta sobre Aspecir no valor de R$ 59,90. Não foi autorizado em nenhum momento”.


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Questionada pela reportagem, a Aspecir informou que o caso foi encaminhado ao setor responsável, mas até o momento não enviou resposta. A Sudacred, por sua vez, não se manifestou. A Polícia Federal declarou que não comenta investigações em andamento e não confirmou se há algum inquérito em curso sobre as empresas mencionadas.


O Banco Central limitou-se a enviar um link com a lista de empresas autorizadas a operar, sem comentar o caso. Já a Caixa Econômica Federal afirmou ter entrado em contato com a aposentada por meio da agência Alípio de Melo para prestar esclarecimentos. No entanto, a família afirma que até a noite de terça-feira (15) não havia recebido qualquer ligação ou atendimento.


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Procurado, o INSS também não respondeu formalmente. Quando questionado por telefone, o órgão apenas reiterou que não comenta assuntos relacionados a empresas com as quais não possui vínculo direto. Sobre o desaparecimento dos registros do extrato da aposentada, nenhuma explicação foi fornecida até o momento.


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