Depois de um período de desgaste constante, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) começa a recuperar parte de sua popularidade. Essa reversão, identificada pela mais recente pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (16), ocorre em meio a dois eventos marcantes: a defesa da taxação dos super-ricos e o acirrado embate com o presidente norte-americano, Donald Trump, motivado pela imposição de tarifas sobre produtos brasileiros.
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Segundo os dados levantados entre os dias 10 e 14 de julho com 2.004 entrevistados presencialmente, a desaprovação ao governo caiu de 57% para 53%, enquanto a taxa de aprovação subiu de 40% para 43%, em comparação com a rodada anterior, realizada em 4 de junho. Essa é a primeira melhora nos índices desde julho de 2024. Com isso, a diferença entre aprovação e desaprovação encolheu de 17 para 10 pontos percentuais.
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Pessoas de classe média, mulheres e cidadãos de meia-idade foram os principais responsáveis pelo crescimento na avaliação positiva de Lula. Entre os mais pobres, especialmente os que recebem até dois salários mínimos, o índice de aprovação permaneceu estável.
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No campo político e econômico, a pauta sobre justiça tributária mostrou forte ressonância com a opinião pública. Dois em cada três brasileiros concordam com a ideia de que os mais ricos devem contribuir mais para aliviar a carga fiscal sobre os mais pobres. Já a proposta de ampliar a isenção do Imposto de Renda é aprovada por 75% dos entrevistados. Quando a questão envolve a elevação de tributos para os chamados “super-ricos”, o apoio recua para 60%. Ainda assim, a maioria rejeita a retórica de “ricos contra pobres”, com 53% afirmando não concordar com esse tipo de discurso.
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Em relação ao confronto com Donald Trump, que anunciou as novas tarifas no dia 9 de julho, 44% dos brasileiros avaliam que Lula agiu corretamente na condução do episódio. O ex-presidente Jair Bolsonaro, por outro lado, recebeu apoio de 29% nesse contexto. Até mesmo entre os que não se identificam com nenhuma corrente política, a maioria apoiou a postura do presidente brasileiro. Apesar disso, 80% dos entrevistados acreditam que as medidas de Trump terão impactos negativos na vida da população brasileira.
A percepção de que é necessário unir forças para enfrentar o problema também se destacou. Um total de 84% dos entrevistados disseram esperar que governo e oposição atuem juntos para mitigar os efeitos do “tarifaço” norte-americano.
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Essa recuperação parcial da imagem do presidente, embora ainda abaixo de índices positivos, mostra que pautas de apelo social e posicionamentos firmes em cenário internacional continuam tendo peso significativo na opinião pública.