Pesquisadores da USP têm avanço em vacina contra o vírus zika; testes com camundongos indicam eficácia e segurança do imunizante

Testes com camundongos indicam eficácia e segurança do imunizante; próxima etapa depende de financiamento para aplicação em humanos

Por Plox

16/07/2025 16h11 - Atualizado há 1 dia

Pesquisadores do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) alcançaram um avanço relevante no desenvolvimento de uma vacina contra o vírus zika. Em testes laboratoriais realizados com camundongos geneticamente modificados — mais vulneráveis ao vírus —, o imunizante demonstrou ser seguro e eficaz, provocando a produção de anticorpos capazes de neutralizar o patógeno.


Imagem Foto: Reprodução


Além disso, os estudos indicaram que a vacina foi capaz de impedir tanto o surgimento de sintomas quanto a progressão da infecção, além de evitar lesões nos animais. A equipe também avaliou os efeitos do vírus em órgãos como fígado, rins, ovários, testículos e cérebro, com resultados especialmente positivos nos dois últimos.



A formulação utiliza a plataforma VLP (partículas semelhantes a vírus), já empregada em vacinas contra Hepatite B e HPV, e que tem a vantagem de dispensar adjuvantes — substâncias que reforçam a resposta do sistema imune. A produção foi realizada por meio de tecnologia com sistemas procarióticos (como bactérias), o que permite ampla produção, mas exige controle sobre toxinas bacterianas.


Gustavo Cabral de Miranda, líder do grupo de pesquisa, participou do desenvolvimento da plataforma ChAdOx1 durante sua passagem por Oxford, entre 2014 e 2017. Essa tecnologia serviu de base para a vacina da AstraZeneca contra a Covid-19. Segundo Miranda, a formulação é composta por dois elementos principais: a partícula carreadora (VLP), que ativa o sistema imune, e o antígeno viral EDIII, uma parte da proteína do envelope do vírus zika responsável por se ligar às células humanas.



Apesar dos avanços, o grupo agora busca financiamento para a realização das próximas fases de pesquisa, que envolvem testes em humanos. O custo elevado torna o processo demorado. Paralelamente, os cientistas continuam explorando alternativas como vacinas de RNA mensageiro e diferentes estratégias de imunização.


Os estudos contam com apoio da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo). Miranda destaca que a produção de vacinas envolve desafios técnicos e estruturais, exigindo fábricas especializadas. No entanto, ele acredita que plataformas mais modernas oferecem maior agilidade e diversidade tecnológica, como observado durante a pandemia.


\"Nosso objetivo é desenvolver o processo tecnológico necessário para fabricar vacinas no Brasil. Mesmo que isso leve tempo, é essencial garantir a continuidade dessa capacidade no país\", conclui o pesquisador.



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