Estados Unidos em alerta: picadas de carrapato podem levar a alergias graves

Agência sanitária dos Estados Unidos alerta para o fato de essa condição ter se tornado mais comum nos últimos anos

Por Plox

16/08/2023 08h05 - Atualizado há quase 2 anos

O CDC (Centros de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos lançou um alerta recente sobre o aumento no número de casos de síndrome alfa-gal (AGS). Essa condição desencadeia uma reação alérgica que pode ser grave, associada ao consumo de carne vermelha e laticínios.

 

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Origem e expansão da condição

A síndrome foi identificada pela primeira vez em 2008 e já foi registrada em diversos países ao redor do mundo, desde a Austrália até a Polônia. De acordo com os dados da agência sanitária dos Estados Unidos, aproximadamente 450 mil pessoas podem ter contraído a síndrome alfa-gal entre 2010 e 2022. Entretanto, a precisão desses números é questionável, já que muitos profissionais da saúde ainda não estão familiarizados com essa condição.

Causas e correlações

Pesquisas indicam que a AGS é frequentemente ligada à picada do carrapato "estrela solitária" (Amblyomma americanum) nos Estados Unidos. No entanto, não se pode excluir outros tipos de carrapatos e, em diferentes países, outras espécies de carrapatos têm sido associadas ao desenvolvimento dessa síndrome.

A ligação com a alfa-gal

A molécula alfa-gal está presente em diversos mamíferos, mas é ausente em primatas, incluindo humanos. Curiosamente, essa molécula também está presente na saliva do carrapato estrela solitária. Após uma picada desse inseto, a pessoa pode se tornar sensível à alfa-gal presente em determinados alimentos, resultando em reações alérgicas quando consomem carne vermelha ou produtos derivados de mamíferos.

Sintomas da síndrome

A síndrome alfa-gal pode manifestar uma série de sintomas, desde erupções cutâneas até dificuldades respiratórias. Estes sintomas geralmente aparecem de duas a seis horas após o consumo de alimentos que contêm alfa-gal. O CDC ressalta que a gravidade das reações pode variar, podendo ser desde leves até risco de vida, como a anafilaxia.

Comentário de especialistas

Ann Carpenter, epidemiologista dos CDC, expressou preocupação ao declarar: "a síndrome alfa-gal é um importante problema emergente de saúde pública, com consequências potencialmente duradouras para alguns pacientes".

Síndrome no contexto brasileiro

Em 2015, o Brazilian Journal of Allergy and Immunology publicou um artigo discutindo a possível presença da síndrome alfa-gal no Brasil. Apesar de ainda não haver registros oficiais, o carrapato Amblyomma sculptum, comum no país, pode ter um papel semelhante ao desempenhado por outros carrapatos associados à síndrome em diferentes partes do mundo.

Pesquisas futuras

Os especialistas reconhecem a necessidade de aprofundar a compreensão sobre a relação entre as picadas de carrapato, a resposta alérgica associada à alfa-gal e o consumo de carne vermelha. A pesquisa continuada é crucial para ajudar a identificar e mitigar os riscos associados à síndrome alfa-gal.

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