Estudo aponta que homens em relações estáveis usam menos preservativo

Pesquisa aponta que só 13,4% dos heterossexuais que moram com a parceira utilizam preservativo com frequência; dados acendem alerta para ISTs

Por Plox

16/08/2025 10h07 - Atualizado há 2 dias

Uma pesquisa nacional sobre comportamento sexual masculino no Brasil revelou dados preocupantes quanto ao uso do preservativo, especialmente entre homens em relacionamentos estáveis.


Imagem Foto: Pixabay


Conduzido por pesquisadores de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul, o estudo foi publicado em junho na revista Ciência & Saúde Coletiva. A análise utilizou informações da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base em cerca de 30 mil homens sexualmente ativos.



Os dados apontam que apenas 13,4% dos homens heterossexuais que vivem com suas parceiras relataram uso contínuo de camisinha. Já entre os que não moram com a companheira, o índice sobe para 57%. Entre homens homossexuais e bissexuais, 37,9% afirmaram utilizar preservativo regularmente.


Ao considerar todas as relações sexuais no último ano, somente 25,7% dos heterossexuais disseram ter usado camisinha em todas elas. No mesmo recorte, 56,3% dos homens gays e bissexuais afirmaram o uso contínuo. Na última relação sexual, 80,5% dos homoafetivos utilizaram preservativo, contra 41,1% dos heterossexuais.



Os resultados indicam a necessidade de revisar os programas de prevenção a infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), indo além da ideia tradicional de “grupos de risco”. A professora Flávia Pilecco, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e primeira autora do estudo, destaca que o contexto relacional é mais relevante do que a orientação sexual quando se trata de prevenção.


Ela lembra que, nas décadas de 1980 e 1990, durante o auge da epidemia de HIV, homens gays e bissexuais foram considerados os principais grupos de risco. Isso resultou em campanhas direcionadas, mas também reforçou estigmas.



“Como mostramos em nosso estudo, o uso dos preservativos pode não estar necessariamente associado à orientação sexual dos sujeitos, mas, sim, ao tipo de relacionamento em que eles se encontram”, afirma Pilecco.


O urologista Daniel Zylbersztejn, do Hospital Israelita Albert Einstein, complementa explicando que, ao morar juntos, casais tendem a abandonar o uso do preservativo, motivados tanto pela confiança na exclusividade do relacionamento quanto pela busca de maior prazer sexual.



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