Estudo revela que mulheres são maioria entre cuidadores de pessoas com demência

Com 86% das funções de cuidado assumidas por mulheres, realidade expõe sobrecarga física e emocional feminina

Por Plox

16/08/2025 10h46 - Atualizado há 2 dias

Um levantamento divulgado pela Revista Brasileira de Psiquiatria revelou que 86% dos cuidadores de pessoas diagnosticadas com demência no Brasil são mulheres.


Imagem Foto: Pixabay


Segundo a geriatra Simone de Paula Pessoa Lima, da Saúde do Lar, essa realidade está atrelada a construções culturais que historicamente vinculam o papel da mulher ao cuidado familiar e doméstico. Além disso, fatores econômicos também contribuem para esse cenário, já que muitas mulheres atuam em empregos informais ou com remunerações inferiores, sendo vistas como aquelas que 'podem abrir mão' de suas ocupações formais para se dedicarem aos cuidados.



“Mesmo quando há homens disponíveis, eles raramente são incentivados socialmente a assumir essa função. Ainda persiste a ideia de que cuidar não é uma responsabilidade masculina, o que acaba sobrecarregando mulheres, principalmente filhas e esposas”, explicou a especialista.



O cuidado contínuo de uma pessoa com demência impõe altas exigências físicas, mentais e emocionais, e esse fardo é ainda mais pesado para as mulheres, que frequentemente enfrentam estresse crônico, privação de sono e isolamento social. Esse quadro pode desencadear quadros de depressão, ansiedade, dores físicas e agravamento de condições de saúde preexistentes. Em casos mais graves, pode evoluir para a chamada 'síndrome do cuidador', que compromete tanto a saúde da cuidadora quanto a qualidade do cuidado prestado.



Para lidar com tantos desafios, a geriatra destaca a importância de dividir responsabilidades com outros membros da família e buscar apoio por meio de cuidadores formais, centros-dia e grupos de suporte. “Negociar horários de trabalho flexíveis, quando possível, e manter hábitos saudáveis são medidas fundamentais. Cuidar de si mesma é essencial para que a mulher consiga cuidar do outro sem adoecer”, concluiu Simone de Paula.


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