Família de gari morto pede bloqueio de bens de suspeito e delegada
Advogado Tiago Lenoir solicita medida para evitar dilapidação patrimonial enquanto investigações seguem em Belo Horizonte
Por Plox
16/08/2025 07h13 - Atualizado há 1 dia
O caso do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira (15). O advogado criminalista Tiago Lenoir, que atua de forma voluntária em apoio à família da vítima, informou que solicitou à Justiça o bloqueio de bens de Renê da Silva Nogueira Júnior, apontado como suspeito pelo crime, e de sua esposa, a delegada da Polícia Civil Ana Paula Lamego Balbino Nogueira.

Segundo Lenoir, a medida busca garantir que os familiares do gari possam ser reparados pelos danos materiais e morais caso os acusados sejam responsabilizados. $&&$“Ontem mesmo eu entrei com o pedido de bloqueio de todos os bens, tanto do Renê quanto da delegada Ana. Para que todas as pessoas que direta ou indiretamente sejam responsabilizadas por isso, eles reparem os danos materiais, morais e respondam criminalmente por tudo isso. Cada um na medida da sua culpabilidade”$, destacou o advogado.Ele explicou ainda que o pedido trata de uma tutela antecipada prevista no Código de Processo Civil e no Código de Processo Penal, para evitar que os patrimônios sejam dilapidados antes do julgamento final. “
Não estou dizendo que a delegada é culpada de nada, nem que o acusado já é culpado. Ele tem direito de defesa. Mas há indícios suficientes, e essa medida garante que a família não fique sem ao menos uma reparação mínima”, completou.
As investigações revelaram que a arma usada no crime pertence à delegada Ana Paula. O resultado foi confirmado após testes balísticos. A Polícia Civil informou em nota que a pistola utilizada no disparo contra Laudemir estava registrada em nome da servidora, sendo uma arma de uso particular. Após o crime, duas armas foram apreendidas em sua residência, incluindo uma arma da corporação.
Renê Júnior foi preso poucas horas depois do assassinato, quando estava em uma academia localizada na Avenida Raja Gabaglia, em Belo Horizonte. Já a delegada é investigada pela Corregedoria da Polícia Civil, após ter afirmado inicialmente que o marido não tinha acesso às armas.
Além disso, a Justiça de Minas Gerais autorizou a quebra de sigilos telefônico e telemático do suspeito, incluindo dados do carro da marca BYD utilizado no dia do crime. Com isso, a polícia terá acesso a rotas, registros de chamadas, comandos de voz e velocidade do veículo. Um dos pontos apurados é o trajeto de Renê entre o local do crime, no bairro Vista Alegre, e a empresa em Betim onde atuava como representante comercial. As imagens de sua chegada ao trabalho também estão sob análise.
O crime ocorreu na manhã de segunda-feira (11). Laudemir foi atingido por um disparo no abdômen durante uma discussão de trânsito no bairro Vista Alegre, região Oeste de Belo Horizonte. De acordo com testemunhas, a confusão começou quando o suspeito, irritado com a passagem de um caminhão de coleta, ameaçou a motorista do veículo e chegou a apontar a arma para o rosto dela. Mesmo após o caminhão liberar a via, o homem desceu do carro e atirou contra o gari.
Laudemir foi levado às pressas ao Hospital Santa Rita, mas não resistiu aos ferimentos. O episódio causou grande comoção na capital mineira e levantou discussões sobre violência no trânsito e abuso de poder.
O caso segue em investigação, com a expectativa de que os novos elementos obtidos com as quebras de sigilo fortaleçam a apuração policial.