Lula critica tarifaço dos EUA e rebate acusações sobre direitos humanos
Em evento da GWM em São Paulo, presidente chamou sobretaxação de Trump de 'turbulência desnecessária' e disse que não aceitará inverdades sobre o Brasil
Por Plox
16/08/2025 07h05 - Atualizado há 2 dias
Durante a inauguração da fábrica da montadora chinesa GWM em São Paulo nesta sexta-feira (15), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar as tarifas impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. O chefe do Executivo classificou a medida como uma 'turbulência desnecessária' provocada pelo governo norte-americano de Donald Trump.

“Estamos vivendo uma turbulência desnecessária porque o presidente norte-americano resolveu, depois de um momento de provocação, me mandar uma carta dizendo que ia taxar o Brasil em 50% de seus produtos. Fiquei estarrecido”
, declarou Lula. Segundo ele, o Brasil se dispôs a negociar, mas não aceitará o que chamou de inverdades propagadas sobre o país.
O presidente afirmou ainda que não admitirá que se construa uma imagem negativa do Brasil no cenário internacional. “A ideia de passar para o mundo que o Brasil é um país horrível para negociar não é verdade. E não posso admitir que um presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos possa contar a quantidade de inverdades que ele conta sobre o Brasil”, acrescentou.
Lula também rebateu acusações feitas pelo Departamento de Estado norte-americano de que o Brasil desrespeita direitos humanos. O presidente defendeu a democracia brasileira e o Supremo Tribunal Federal (STF).
“Aqui no Brasil temos democracia, direitos humanos, e o ex-presidente [Jair Bolsonaro] que está sendo julgado é julgado por delação de seus pares em função de uma tentativa de golpe”
, afirmou.
Ele foi além e mencionou informações do inquérito do golpe, afirmando que havia previsão de assassinatos caso a tentativa tivesse avançado. “Ele não queria que eu e Alckmin tomássemos posse, e no plano de golpe dele estava previsto matar a mim, matar o Alckmin e matar o presidente da Suprema Corte Eleitoral que está julgando ele”, disse.
O julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de sete de seus aliados no STF está marcado para 2 de setembro. Eles são acusados de crimes contra o Estado democrático de direito, após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apontar que o grupo tentou impedir a posse de Lula e manter Bolsonaro no Planalto, contrariando o resultado das urnas.
No discurso em São Paulo, Lula também destacou a importância da parceria com a China no comércio internacional e ressaltou o papel dos Brics na construção de um mundo multipolar. Para ele, fortalecer a relação com países emergentes é essencial diante das pressões e medidas unilaterais tomadas pelos Estados Unidos.