Mineira em coma deve encerrar tratamento inédito contra dor mais severa do mundo

Carolina Arruda, de 28 anos, enfrenta neuralgia do trigêmeo e passa por terapia com cetamina em coma induzido; previsão é de que deixe a UTI nesta segunda-feira

Por Plox

16/08/2025 13h02 - Atualizado há 2 dias

Diagnosticada com neuralgia do trigêmeo bilateral, considerada uma das condições mais dolorosas conhecidas pela medicina, a mineira Carolina Arruda Leite, de 28 anos, deve sair do coma induzido neste domingo (17) após cinco dias de tratamento na Santa Casa de Alfenas, no Sul de Minas.


Imagem Foto: Reprodução


Segundo o último boletim médico, divulgado por uma amiga nas redes sociais, o procedimento segue conforme planejado, sem intercorrências. A expectativa é que Carolina seja transferida da UTI para o quarto na segunda-feira (18), após o desligamento da bomba de infusão.



A jovem foi colocada em coma induzido na última quarta-feira (13) como parte de um tratamento experimental com cetamina, um anestésico utilizado desde os anos 1960. O objetivo do protocolo é fazer com que o cérebro “reinicie” e volte a responder aos medicamentos, que deixaram de surtir efeito ao longo dos anos.


Diagnosticada aos 16 anos, Carolina passou por seis cirurgias na tentativa de controlar a dor, mas sem sucesso duradouro. A condição bilateral da neuralgia compromete os dois lados do rosto e causa dor contínua, inclusive durante o sono. Pela primeira vez, a jovem não sentiu os efeitos da doença enquanto esteve inconsciente.



Em fevereiro deste ano, Carolina também recebeu o diagnóstico de espondiloartrite axial, uma doença autoimune que afeta o esqueleto axial e pode ter agravado o quadro da neuralgia. O avanço da dor levou a jovem a cogitar a morte assistida na Suíça, já que o procedimento é proibido no Brasil. A repercussão da vaquinha virtual motivou especialistas a indicarem alternativas de tratamento.


O tratamento com cetamina, segundo o médico Carlos Marcelo de Barros, diretor clínico da Santa Casa de Alfenas, tem como objetivo bloquear receptores do sistema nervoso responsáveis por amplificar os sinais de dor. A administração do medicamento ocorre por infusão intravenosa em ambiente hospitalar e pode provocar efeitos colaterais como alucinações, tontura, alterações respiratórias e sensação de distanciamento do corpo.


Apesar da melhora aparente, os médicos alertam que não há garantias de que a paciente voltará a responder aos medicamentos convencionais. Em publicações anteriores, Carolina classificou a decisão de entrar em coma como desesperada, mas necessária diante da dor constante que enfrentava há 12 anos.



A veterinária afirmou que considera a medida paliativa como última alternativa após anos de sofrimento físico, psicológico e espiritual. “Já fiz seis cirurgias no nervo do osso e nenhuma funcionou. A dor continua implacável todos os dias, o dia inteiro, sem parar por um segundo”, relatou nas redes sociais.


Apesar do receio quanto aos riscos do coma induzido, ela declarou que, caso não acorde, ao menos terá tido um alívio. “Não quero tirar minha vida, quero tirar minha dor, mas, infelizmente, a vida anda junto”, afirmou.



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