Primeiro brasileiro a cruzar as Américas a cavalo revive chegada à arena de Barretos

Filipe Masetti percorreu 16 mil km desde o Canadá e foi ovacionado na Festa do Peão em 2014; trajetória virou livro, filme e continua inspirando

Por Plox

16/08/2025 15h16 - Atualizado há 2 dias

Em 2014, a arena da Festa do Peão de Barretos se tornou palco de um momento inesquecível: a chegada do jornalista e aventureiro Filipe Masetti Leite, o primeiro brasileiro a cruzar as Américas a cavalo.


Imagem Foto: Arquivo Pessoal


A jornada começou em 2012, quando Filipe partiu de Calgary, no Canadá, com o objetivo de alcançar Barretos (SP). Natural de Espírito Santo do Pinhal (SP) e criado no Canadá desde os nove anos, ele percorreu cerca de 16 mil quilômetros durante a primeira etapa, que terminou com sua chegada à arena em meio a aplausos de milhares de pessoas.



“Foi inesquecível, parece que minha alma saiu do meu corpo. Nunca me senti tão próximo de Deus”, relembra Filipe, emocionado ao falar sobre o momento em que entrou com seus três cavalos – Bruiser, Dude e Frenchie – na arena lotada do Parque do Peão.


O feito foi reconhecido com o título de “Cavaleiro das Américas” e, em 2015, o Parque do Peão inaugurou um monumento em sua homenagem. Filipe também tornou-se palestrante, escritor e teve sua jornada retratada em um livro, documentário e, agora, em um filme em produção.


“Sou muito grato a Os Independentes, porque se não fossem eles, eu não teria vivido tudo isso. A Festa do Peão faz parte da minha história”, destaca.



A saga de Filipe teve mais duas etapas após Barretos. Na segunda, ele seguiu até Ushuaia, na Argentina, arrecadando recursos para o Hospital de Amor. Foi durante essa fase, em 2017, que conheceu sua esposa Clara, na Patagônia. Já na terceira etapa, partiu do Alasca rumo ao Canadá, completando a travessia continental.


No total, foram 803 dias de cavalgada, 27 mil quilômetros percorridos e 12 países atravessados. “Viajava 30 km por dia, pedia pouso nas casas das pessoas. Conheci culturas incríveis, mas o que mais me marcou foi a bondade humana. Uma família na Guatemala me deu o único frango que tinham para comer”, relata.



A inspiração para a aventura veio da infância, quando o pai lhe contava sobre Aimé Tschifelly, suíço que cavalgou de Buenos Aires a Nova Iorque em 1925. Esse sonho de infância se transformou em realidade com o apoio da família, que mesmo temerosa, sempre o encorajou.


“Em muitos momentos pensei em desistir, duvidei de mim mesmo. Mas se eu pudesse voltar e falar com o Filipe de 25 anos, diria: ‘mete bala que vai mudar sua vida’.”


Hoje, aos 37 anos, Filipe olha com orgulho para sua trajetória e celebra os 70 anos da Festa do Peão como parte dessa grande história da cultura sertaneja.



Enquanto isso, a jornada do “Cavaleiro das Américas” segue inspirando outros aventureiros. Pedro Henrique Biondo Matias, conhecido como Pedro Berranteiro, iniciou em 2024 sua viagem dos EUA até Barretos, montado em mulas e acompanhado do cachorro Bastião. A previsão é que ele chegue à arena em agosto de 2026.


Destaques