Facções PCC e Comando Vermelho dominam presídios em 25 estados brasileiros
PCC e Comando Vermelho ampliam sua presença no sistema prisional, reforçando o controle sobre diversas unidades federativas
Por Plox
16/09/2024 09h06 - Atualizado há 9 meses
A presença das duas maiores facções criminosas do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), se expandiu para presídios de 25 estados, segundo o Relatório do Mapa de Orcrim 2024, elaborado pelo Ministério da Justiça. Esse aumento de influência das facções é notável e alarmante, refletindo diretamente no crescimento do crime organizado dentro e fora das penitenciárias.

Expansão das facções no sistema prisional
O Comando Vermelho está presente em 22 estados, um crescimento em relação ao levantamento anterior, que indicava a facção em 21 unidades federativas. Novos registros de atuação foram identificados no Espírito Santo, Pernambuco e Amapá. No entanto, o Distrito Federal e Sergipe, que antes haviam reportado a presença da facção, afirmam que não há mais registros em seus territórios.
Por sua vez, o PCC consolidou sua presença em 24 estados, um aumento comparado aos 23 de 2023. A facção paulista expandiu suas operações para a Bahia e o Amapá, enquanto o Distrito Federal, como no caso do CV, afirma que a facção não atua mais na região.
Diferenças entre as facções
Apesar de ambos os grupos dominarem o cenário do crime organizado no país, há diferenças significativas no modo de operação. O Comando Vermelho é considerado mais difícil de monitorar, por ser menos estruturado e organizado. Em contraste, o PCC, que surgiu em 1993 na Casa de Custódia de Taubaté, em São Paulo, possui um sistema rígido de contabilidade de seus membros e até mesmo de suas armas dentro das unidades prisionais.
Superlotação e controle nas prisões
A atuação dessas facções dentro dos presídios é facilitada pela superlotação e pela falta de estrutura adequada para separar os internos, o que contribui para o recrutamento constante de novos membros. Atualmente, o Brasil tem um déficit de mais de 162 mil vagas no sistema prisional, que abriga cerca de 644 mil presos, sendo o terceiro maior sistema carcerário do mundo.
Dentro das penitenciárias, essas organizações exercem controle absoluto em diversas áreas. Em algumas unidades, membros das facções têm acesso às chaves das celas, determinam quem pode tomar banho de sol e decidem quais detentos terão acesso a atendimento médico. Essa situação reforça ainda mais o poder das facções sobre a população carcerária e a segurança pública do país.
Impacto social e territorial
O crescimento das facções não afeta apenas o sistema prisional, mas também impacta diretamente a população brasileira. Segundo uma pesquisa do Datafolha, 14% dos brasileiros viveram em áreas controladas por facções criminosas ou milícias nos últimos 12 meses. Isso equivale a mais de 23 milhões de pessoas sob a influência direta do crime organizado.
A pesquisa também aponta que pretos e pardos são os mais afetados pela presença ostensiva do crime organizado, e jovens relatam com mais frequência viver em regiões dominadas por facções do que os mais velhos.
Presença das facções por estado
O PCC atua nos seguintes estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins.
O Comando Vermelho está presente em: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rondônia, Roraima, Santa Catarina e Tocantins.
Levantamento nacional de facções criminosas
Entre 2022 e 2024, o Ministério da Justiça conseguiu mapear 88 facções criminosas no Brasil. Em 2022, foram identificadas 58 organizações, um número que subiu para 70 em 2023. Neste ano, foram mapeadas 65 facções ativas. O levantamento, realizado a partir de informações fornecidas pelos estados à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), revela variações nos números ao longo dos anos, o que pode ser explicado pelas mudanças na coleta e atualização dos dados fornecidos pelos estados.
Cenário preocupante para a segurança pública
A expansão das facções reflete não apenas o controle sobre os presídios, mas também o impacto na vida da população, principalmente nas áreas urbanas. As disputas territoriais entre PCC e CV pelo controle do tráfico de drogas e outros crimes geram um cenário de violência e insegurança pública, que afeta diretamente milhões de brasileiros em todas as regiões do país.